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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Refugiados sírios pagaram 5 mil dólares por cada passaporte



Grupo confessou ao SEF que documentos foram comprados a uma rede de imigração ilegal e que objectivo era chegar à Alemanha. Este ano já tinha sido detectada situação semelhante no aeroporto com outros 30 sírios 

 
(foto:web)
 
Os refugiados sírios que chegaram anteontem a Portugal com passaportes falsos confessaram às autoridades portuguesas que pagaram cinco mil dólares por cada documento a uma rede de imigração ilegal. Segundo uma fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), os 74 sírios compraram um "pacote" que incluía os falsos passaportes - de agentes do Estado turco - e guias para terem acesso ao território da União Europeia. De acordo com a mesma fonte, a intenção do grupo seria chegar a Portugal e, uma vez no espaço Schengen, viajar até à Alemanha. A escolha dos passaportes turcos terá tido unicamente a ver "com a existência de semelhanças físicas entre os nacionais dos dois países".
Portugal transformou-se, no último meio ano, numa plataforma privilegiada para o acesso a países da Europa a partir de países como o Mali, a Guiné-Bissau ou a Turquia. E o método utilizado por este grupo não é inédito: já este ano, em Abril, tinham sido detectados outros 30 sírios no aeroporto de Lisboa, com documentos falsos e também provenientes da Guiné-Bissau. "Começa a ser recorrente e estas rotas estão a tornar-se problemáticas", avisa uma outra fonte do SEF. 

Ontem, a TAP decidiu mesmo suspender a ligação entre a capital da Guiné e Lisboa, por razões de segurança (ver texto secundário). O SEF já tinha, aliás, reforçado o controlo de passageiros nesta rota por, segundo a mesma fonte, ser "usada por redes de narcotráfico da América do Sul e fazer passar mulheres exploradas sexualmente, em redes de prostituição, em vários países europeus". 

Da Turquia a Lisboa Segundo o SEF, a rede de imigração ilegal terá guiado o grupo pela Turquia, onde embarcou num voo que fez escala em Marrocos. Só depois rumou à Guiné-Bissau - onde terá tentado pedir asilo. No entanto, e como i adiantou na edição de ontem, o pedido foi negado e o comandante do voo TP 202 da TAP acabou por ser "coagido" a trazer os passageiros para Lisboa. A entrada do oficial de ligação do SEF no aeroporto terá sido barrada momentos antes da partida e só quando o avião sobrevoava Madrid é que as autoridades portuguesas foram contactadas pela TAP sobre a existência, a bordo, de passageiros com documentação falsa. 
  
Contudo, o SEF guineense já negou que tenha sido detectada qualquer anomalia no aeroporto de Bissau.

Ainda na Guiné, o grupo ficou alojado durante cerca de 18h em dois hotéis da capital - onde fizeram check-in ainda com passaportes sírios, entre as 2h e as 2h25 da madrugada de segunda-feira. Segundo fontes locais contactadas pela Lusa, os refugiados apresentaram-se como turistas e foram transportados por um guineense - que terá pago a conta das estadias - até ao aeroporto de Bissau. Uma funcionária de um dos hotéis contou que no grupo havia uma grávida que precisou de ser assistida numa clínica em Bissau. Já à chegada a Lisboa, a mesma mulher foi internada no Hospital de Santa Maria devido a uma hemorragia. 

Colónia balnear recebe refugiados Ao início da tarde de ontem, ainda continuavam no aeroporto da Portela dez dos 74 sírios. A Segurança Social (SS) confirmou entretanto que está a acolher os refugiados e a avaliar a "caracterização individual e familiar" de cada um. Os 51 adultos e 23 menores estão a ser encaminhados para instalações da Santa Casa da Misericórdia e outros espaços, como a colónia balnear "O Século" em São Pedro do Estoril. 
Também ontem, a presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), Teresa Tito Morais, confirmou à Lusa o pedido de asilo a Portugal e adiantou que os sírios vão ficar no país até que esteja concluído o processo de estatuto de refugiados. "Pode demorar um ou dois meses. Vão começar a ser ouvidos para se perceber os motivos [da vinda para Portugal] e depois será emitida uma decisão. Para já, foram admitidos e depois vamos ver se têm acesso ao estatuto de refugiado", acrescentou a responsável, que classificou o caso de "inédito". 

(in: jI -  Rosa Ramos)


 

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