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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Esperança ainda move guineenses em Cabo Verde

A esperança numa Guiné-Bissau normalizada, em paz e com desenvolvimento ainda move alguns guineenses em Cabo Verde, que defenderam o fim da relação entre políticos e militares para que todos os que estão fora possam regressar ao país.


Em declarações à agência Lusa, três guineenses residentes na Cidade da Praia afirmaram ainda acreditar nesse "sonho", embora o condicionem, sempre, a uma mudança de políticos e, sobretudo, das chefias militares que, consideram, tem levado a Guiné-Bissau para o abismo.

"Se a Comunidade Internacional estiver na Guiné-Bissau, as eleições vão decorrer bem e não haverá complicações, como no passado. (A situação de crise político-militar) vai ter de normalizar", disse à Lusa Silvino Nanque, operário da construção civil de 35 anos e há quatro a viver na capital cabo-verdiana.

Este guineense, natural de Quinhamel (região de Oio), indicou que tenciona regressar ao país logo que tudo estabilize, tal como é vontade de "todos os filhos" da Guiné-Bissau que estão fora.

Por seu lado, Daniel Albano Lopes, canalizador de 32 anos e há seis a residir na Cidade da Praia, disse esperar que todos os eleitores guineenses votem com a "consciência limpa" e que vencedores e vencidos se juntem para desenvolver o país e que se convençam que nenhum tem mais direito que outros.

"Espero que todos os guineenses votem com a consciência limpa. A nossa esperança é que as eleições decorram na normalidade e que não aconteça nada de errado. Que todos votem com a esperança de que quem vença a eleição que seja para o bem de todos os guineenses. A Guiné-Bissau é de todos nós e ninguém tem mais direitos do que o outro. Todos somos guineenses", frisou.

Daniel Lopes, guineense nascido em Safim (10 quilómetros a norte de Bissau), realçou ter também "esperança" de que os militares, responsáveis pelo golpe de Estado de 12 de abril de 2012, não interfiram, e que os políticos se dediquem exclusivamente à política e não colaborem com os militares.

"Peço aos militares que saibam que, quando provocam alguma coisa de errado, um levantamento ou um golpe, alcançam uma coisa boa só para eles e para as suas famílias, mas nem todas as famílias beneficiam disso. É prejudicial. Estamos a pagar pelos erros dos militares e dos políticos que não têm argumentos suficientes para convencer os eleitores", acrescentou.

Destoando da esperança, António Aly Silva, 48 anos, jornalista guineense autor do conhecido blogue "Ditadura do Consenso", natural do Quebo (sul), afirmou que as eleições de domingo em nada vão mudar o país, tendo em conta as "tantas votações" já realizadas e que nunca permitiram a conclusão de uma única legislatura.

"O problema são os homens. Isso é o que falta ao país, que nunca teve gente certa para o liderar. As eleições não mudam nada. Não podemos estar a fazer eleições que são pagas por terceiros e, depois, abortá-las com golpes de Estado", referiu.

"(As legislaturas) nunca chegaram ao fim por causa daquela estirpe militar que temos no país e é esse o problema da Guiné-Bissau. O problema mais óbvio depois das eleições é lidar com o exército: entregar o (chefe das Forças Armadas) António Indjai à justiça norte-americana e mudar todas as chefias militares no país, bem como reformar as Forças Armadas com gente que saiba ler e escrever", acrescentou.

Aly Silva, crítico dos sucessivos regimes guineenses e na Cidade da Praia há cerca de um ano, considerou que a Guiné-Bissau é uma "ilusão", argumentando sobretudo com os dois últimos anos de transição pós-golpe de Estado.

"Tenho 48 anos e nunca vi o meu país tão pobre, nem tão corrupto, nem tão mais sem vergonha como nestes dois últimos anos. Quanto à esperança, há um ditado que diz: «a esperança e a sogra são as últimas a morrer. Tenho ainda as minhas sogras de vida e espero que a esperança ainda esteja com vida", concluiu.
 
 (Obs. o sublinhado é do editor do BR)

(fonte: Lusa)


 
 
 

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