ONG avisa que período pós-eleitoral será crítico para o futuro guineense.
As eleições na Guiné-Bissau, previstas para domingo, são “um
importante primeiro passo”, mas a “fragilidade económica e política” do
país exige “ajuda internacional” e “vontade de fazer reformas”, conclui a
organização International Crisis Group (ICG), num relatório divulgado
ontem.
A organização não governamental analisa o “acidentado caminho” para
as eleições na Guiné-Bissau, onde a instabilidade tem aumentado desde o
golpe de Estado de 12 de abril de 2012, e aponta os “desafios que o novo
governo enfrentará”.
Entre eles está a “redistribuição do poder e dos recursos” sem
“ameaçar o frágil equilíbrio de forças”, num país “onde a participação
no governo tem sido o principal método para adquirir riqueza”.
O ICG alerta que “as eleições são apenas o primeiro passo para um
esforço de longa duração para resolver os problemas que prejudicam o
progresso há anos”. Ou seja, “não resolverão nada a não ser que os
parceiros internacionais colaborem estreitamente com a Guiné-Bissau”
após as eleições.
Uma “transformação real só será possível com um forte envolvimento
internacional, político e financeiro”, sustenta o ICG, concretizando que
“os dadores devem estar prontos para ajudar o governo [guineense] a
pagar as despesas imediatas, incluindo os salários da função pública”, e
“financiar os programas de desenvolvimento a longo prazo”.
A organização sugere ainda que o levantamento de sanções contra os
golpistas seja utilizado como “um incentivo à cooperação”, cabendo às
futuras autoridades cumprirem com a aprovação de uma lei que amnistie os
responsáveis pelo golpe.
O ICG aconselha o Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC) a, no caso de voltar a governar, “resistir à tentação
de adoptar uma atitude de tudo ou nada”. Caso contrário, alerta, “os
militares e seus aliados políticos” poderão ter “a tentação de voltar a
recorrer à violência se o acesso aos benefícios formais e informais
associados ao poder lhes forem retirados”.
Nesse sentido, o ICG aconselha a comunidade internacional a
“acompanhar de perto o crucial período pós-eleitoral” e observa que “o
destino da transição em curso vai depender, em larga medida, do apoio da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que tem apoiado
as autoridades de transição desde o início, mas está cansada de pagar as
contas de um regime que está perto da bancarrota”.
Quando o mandato do actual representante especial das Nações Unidas
na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, terminar, o ICG espera que “um novo
responsável capaz de mobilizar e coordenar a acGUição internacional” o
substitua “o mais rapidamente possível”.
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