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Joseph Pulitzer

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

“Meu partido é a Guiné-Bissau, a minha cor política é o crioulo”


Porque devem ler este livro? "Desesperança No Chão de Medo e Dor ".

Porque este livro de poesias não trata de mais uns poemas de Tony Tcheka. É um livro de poesias históricas, factuais, eventos ocorridos nos finais do ano 2011, 2012, com o golpe de estado, mais os 2 anos que se seguiram durante o período da transição, até as ultimas eleições.



Se os políticos deixaram as suas marcas, o povo viveu-as, os jornalistas deram conhecimento delas e os poetas sentiram-nas.
Poema Histórico!? Porquê? Porque marca, relata factos temporais. Dias, horas, gentes, lugares, coisas e sentimentos.
Os acontecimentos podem ser expressos de várias formas, este ilustre autor fá-los em poesia. Poesias interventivas na forma e na mensagem. Se os tempos eram turbulentos, confusos, de atropelos e de indefinição, nada como as palavras para ajudar a fixar. Que as palavras fixem as “acções “e “passos” dos homens.

“Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos “.

Luís Camões

Que as palavras sirvam de ensinamentos, aos jovens, se possível como forma de se evitar erros sobre erros.
Deve-se ler os “gritos”, a “dor” deste poeta, o poeta da nossa terra, um Guineense que viu, sentiu, ouviu e decidiu “não fechar-se numa concha e deixar que fossem apenas de outros as responsabilidades. Segundo ele, a Guiné merece mais do que tem tido. Merece a solidariedade de todos, a união de todos. Na alegria e na dor.

Deve-se ler porque, se o Chão ressentiu no Medo e Dor, foi das pisadas de revolta do seu povo sob as angústias dos seus corações.

Este é o testemunho de um escritor “desesperado” por ver dias melhores. Esta é a partilha de um poeta que é referência de muitos, esta é informação de um jornalista que será recordado como referencia porque marca o seu tempo com sabedoria, e deixa traços de uma época.

António Soares Lopes Júnior seu nome, Tony Tcheka como é conhecido, é autor de vários trabalhos destacados nacional e internacionalmente.

Se em 2008, em Lisboa, assisti ao lançamento do Livro Guiné Sabura que DóI, não poderia estar agora ausente no lançamento deste trabalho, editado pela Editora Corubal.

Já peguei no livro, senti-o, cheirei-o e folheei. Em linhas gerais, só pela apresentação honrosa do Ilustre poeta Mário Máximo percebi, que a orientação do autor não se altera: há inovação. Há maior comprometimento com a sua terra e seu povo. O contexto também em que é escrito dá-lhe maior responsabilidade e o livro parece-me mais sublime e requintado em termos de conteúdo, comparativamente.


Mala Posta, 17 horas do dia 25/09/2015. A sala estava agradável, havia cumplicidade entre os presentes e o autor, muitos são amigos, outros admiradores do trabalho e do seu percurso.

Para apresentar o livro, o escritor e poeta Mário Máximo e, em representação da Editora Corubal , Carlos Alante.

Abre a sessão e apresenta a mesa, Carlos Alante. Agradece a presença de todos, e realça a presença de alguns ilustres que se encontravam na plateia, entre os quais em representação da nossa embaixada, o Encarregado de Negócios da Embaixada da Rep. Guiné- Bissau em Lisboa, Dr. Mbala Fernandes.
Explica e bem a importância da existência da Editora Guineense, os trabalhos realizados os objetivos e ambições para o futuro.

A Editora Corubal está de parabéns. Através da sua existência tem contribuído para a promoção do nome da Guiné- Bissau e através da escrita, dá-se a conhecer a cultura, a história, a língua. E também a importância de deixar registos escritos da sociedade.

Incentiva a escrita, e dá visibilidade também a muitos trabalhos de jovens escritores que, de outra forma, teriam dificuldades em publicar. Mostra que é através do saber que se desenvolvem as mentes, e se cria liberdade de agir e pensar.

Por sua vez, o Poeta Mário Máximo apresenta o livro de forma agradável e orgulhosa. Fala da importância do momento, do autor e da língua portuguesa. A língua de Camões, a tal que é falada por 250 milhões de pessoas, é exaltada de forma ímpar. “Quis que sentissem este amor que tenho pela língua Portuguesa”. Justifica

Agradece o convite para apresentar o livro e a honra que representa para ele estar no meio lusófono. E parabeniza a militância pela adesão dos participantes, vista como sinal de amizade.

E como a lusofonia é singular pela união que gera, através da língua, coração, realça o papel da editora Corubal na divulgação e promoção da cultura.

Define o livro como complexo e completo.


Complexo porque espelha a experiência de vida do autor, a densidade que impõe, a abordagem intensa face ao contexto em que é escrito, o dramatismo que transpira.

Completo porque para além de bem escrito, há intervenções e comentários de bons e também reconhecidos escritores e poetas, destacando assim o livro e dando maior visibilidade ao autor. Personalidades como Odete Semedo, Robson Unigranrio, Maria Estrela Guedes, Arlinda Mártires Nunes, Moema Augel, J. Alberto Campato, entre outros.

Poemas escritos em Português e Crioulo, línguas que interagem naturalmente, e conferem de forma até especial, a mesma naturalidade da vivência do autor do livro.

O autor do livro Tony Tcheka toma a palavra, explica as motivações de ter escrito o livro e de o lançar ainda também neste momento. Momento conturbado em que vive a Guiné Bissau.

Das suas palavras emotivas apreende-se preocupação, interrogações na busca das razões, do porque desta incapacidade em nos entendermos. Mais, da natureza maligna de alguns homens, na destruição de uma pátria com história de Honra.

Este livro, segundo o autor é escrito sob o olhar presente das “ madrugadas de terror” vividas nesse período. Dias, noites de muitas incertezas que permanecem ate aos dias de hoje. Sem grande convicção se está para breve o fim deste ciclo que nos interpela. O Autor respira fundo, e questiona como pode alguém ficar indiferente a estes cenários: “ não posso fechar-me na minha Concha”.

Fechar-me perante a grandeza do País do seu povo e Cultura.

O autor não podia ficar passivo a ver o país “embrulhado” em mais uma crise. É contra natura, Se já se leram os seus anteriores escritos, pela forma apaixonada, intensa, nostálgica com que brinca com as palavras, percebem a natureza interventiva, patriótica, nacionalista na forma da sua escrita. De um eterno incomodado com as desigualdades sociais.

Este era o tempo de “lançar a Dor” e de nós, os leitores nos juntarmos a essa “dor”.


Este era o tempo, o mês. Setembro.

Setembro de Amílcar Cabral. Se o nascimento significa Vida, crescimento, Esperança. (12/09). A independência significa liberdade, donos do seu próprio destino (24/09). Todas as premissas lançadas para que a Guiné - Bissau fosse um caso de sucesso.

Derramou-se sangue à nascença, um líder e uma esperança. Derramou-se sangue, mortes dos combatentes da pátria, para que houvesse esperanças de Vidas melhores.
A escolha está em nós, dessa escolha fez com que o autor não desistisse de sonhar, mesmo que na dor. A dor de estar a escrever injustiças, desigualdades, impunidades, ambições exacerbadas dos homens, o antipatriotismo. A escolha se da nascença ergueremos a vida, a esperança e crescemos enquanto seres e país, e se da liberdade que conquistamos sem medo e dor, então que o chão se fixe e todas as canoas desencalhem e tragam progresso e o desenvolvimento.

Esta obra literária vem levantar a Esperanças na Desesperança. Vem mostrar que no chão há marcas de medo e de dor. Vem mostrar que, dos passos dados, há marcas de “ sucessivos adiamentos da construção de Paz e do Desenvolvimento”. Marcas que devem ser registadas, para que gerações vindouras saibam o caminho percorrido pelos homens da sua terra. Caminhos que o pós Cabral tem sido tortuoso. E as causas, essas, mesmo identificadas, prefere que cada um tire as devidas ilações. Deixa a liberdade de pensar, sob a responsabilidade de cada um. Assim entende o escritor desta obra.

E se o português é língua oficial, o crioulo é língua nacional. O poeta como sempre navega entre estas duas belas realidades nos seus poemas. Há palavras que só fazem sentido no crioulo, na tradução perde a magia, a paixão que só o crioulo consegue transmitir.

Tony Tcheka, homem apaixonado pela vida, pela terra, um poeta assim nunca deixa para trás as grandes particularidades da vida. Essas que engrandecem um ser.

Por isso a obra “ Desesperança No Chão de Medo e Dor”,- interventiva, factual, não deixa de abordar os aspetos que justificam também a nossa vivência, a nossa passagem pela terra, temas, como as crianças os afetos , o amor, a paixão, a mulher estão refletidos nesta obra que convido a todos em ler.

Tentei aqui escrever o que me vai na alma, mas escrever sobre um homem que da escrita fez o seu amor. Que escreve de forma simples, natural, doce. Não é fácil. Por mais que tente não conseguirei. Espero contudo ter dignificado alguém que nos consegue envolver no seu mundo: como é a escrita.

Segundo mesmo o autor desta obra diz: “ Na escrita nós não podemos deixar de contar, de deixar transparecer o que nos vai na alma é o que eu fiz. É o que aparece neste livro”. E dessa alma poética, de Tony Tcheka, temos o nosso orgulhoso país fixado na DESESPERANÇA NO CHÃO DE MEDO E DE DOR. Com a sublime ilustração do Ismael H. Djata, e que agora é partilhada entre os guineenses e amigos da Guiné-Bissau.

Desta obra vejo um convite para todos em contrariar a Desesperança da Esperanças!



30/09/2015

Amélia Costa Injai (ACI)

Guineense

Gestora Bancária

Licenciada em Ciências da Comunicação e Cultura

Formação Gestão e liderança


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