O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, afirmou, num discurso a
que a Lusa teve hoje acesso, que as Nações Unidas não estão a gastar
fundos suficientes na Guiné-Bissau ao contrário do que aconteceu em
Timor-Leste, onde se gastaram "demasiados".
A afirmação de Xanana Gusmão foi feita em Nova Iorque no âmbito de um
encontro para falar sobre "Transições de manutenção de paz: Lições
aprendidas com a missão da ONU em Timor-Leste", num discurso hoje
enviado à agência Lusa.
"Saí de lá (da Guiné-Bissau) com a impressão que as Nações
Unidas estão a cometer o erro contrário ao que cometeram em Timor-Leste.
Ao passo que em Timor-Leste se gastaram demasiados fundos, na
Guiné-Bissau não estão a ser gastos fundos suficientes", afirmou Xanana
Gusmão.
O primeiro-ministro timorense realizou no início do mês uma visita de
trabalho à Guiné-Bissau como presidente do G7+, organização criada em
abril de 2011 que reúne 18 Estados-membros, entre os quais Timor-Leste e
Guiné-Bissau, e que defende reformas no modo como a comunidade
internacional apoia os países frágeis ou em situação de pós-conflito.
"Isso torna a missão do representante do secretário-geral da ONU, o
meu querido irmão Dr. José Ramos-Horta, deveras difícil", disse.
Durante a visita de Xanana Gusmão à Guiné-Bissau foi assinada uma
declaração de princípios onde todos os setores do país manifestaram
total empenho na restauração da ordem constitucional e apelam à
comunidade internacional para reconsiderar as sanções com o objectivo de
se iniciar o registo eleitoral credível o mais rapidamente possível.
"A intenção é ter este registo concluído até final do presente ano,
de modo a permitir a realização de eleições em finais de fevereiro de
2014", disse Xanana Gusmão, salientando que são precisos cinco milhões
de dólares para preparar o registo eleitoral.
O primeiro-ministro timorense informou também os presentes que Timor-Leste já contribuiu com um milhão de dólares.
"Acredito que com um fundo gerido pelo PNUD (Programa da ONU para o
Desenvolvimento) e apoiado por Timor-Leste podemos pelo menos dar início
a este processo vital para garantir eleições justas e credíveis",
sublinhou.
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