“Nós e o pesadelo da desagregação estrutural da Nação”
A
desagregação estrutural de uma Nação compadece com o servilismo,
laxismo, clientelismo e desorganização do aparelho “Estado e
Administração Pública” e não com os objetivos de unificação
que se pretende, tendo em conta os valores morais, ética e política,
competência, meritocracia e reconhecimento, conceitos esses que
deveriam ser transversais à sociedade civil e à classe política.
De
facto, é deveras preocupante, mas também interessante, assistir as
tomadas de posições no exercício de separação da Nação em
“metades”, em “prós e contras”, em “alas A e B” etc.,
como se estivéssemos a falar de propriedade privada de alguém, a
quem compete decidir como gerir o seu próprio património e a quem
dela faz parte na tomada de decisão.
A
nação Guineense, independentemente da dimensão territorial e
populacional, é maior do que meras palavras de circunstâncias e da
defesa exclusiva e singular da expressão, razão ou fundamento
patriótico, pois ela mesma é a essência do povo que a constitui e
lhe dá vida, ou seja, a multiplicidade e complexidade das relações
que lhe são subjacentes como um todo indivisível.
Portanto,
olhar para este campo na defesa intransigente de uma ideia ou
opinião, de quem entende como se deve manifestar-se face a
legitimidade do poder democrático, deve acentuar-se no complemento
dos princípios da liberdade de opinião, aliás, este um direito
consagrado não só pela constituição como também pela liberdade
que nos carateriza como homens providos de faculdades mentais e
intelectuais.
O
exercício de atividade política e de cidadania têm os seus
pressupostos assentes na garantia de participação de todos num
único processo democrático, sempre na lógica do bem comum,
salvaguardando, como é óbvio, a honra de todos. Portanto, devemos
procurar não inflamar as nossas angústias quando temos a certeza de
que a mágoa será ainda maior para quem já não suporta mais a dor.
Julgo
que, na qualidade de cidadão guineense posso, com humildade,
questionar, na verdade, até que ponto não tem havido medição de
forças, entende-se “beligerantes”, nas tomadas de posições
radicais, quando o mesmo carece da legitimação de todos nós, tais
como políticos, comentadores, analistas, jornalistas, bloguistas,
fazedores de opinião pública, etc., com reflexo no País?
Pressuponho
que a democracia, cidadania e convivência sã e pacífica é
sinónimo de respeito e consideração mútua, tendo sempre em conta
as convicções e opiniões dos outros, respeitá-las e tomá-las
como um excelente contributo. Na verdade, é de salutar o debate de
ideias com pessoas que partilham as mesmas causas de que é senão a
Guiné-Bissau como uma Nação de todos nós. Aliás, quando falo na
Nação, estou a utilizar um conceito que só por si já existe e não
se pode mudar, não há como fugir, de que a Guiné-Bissau é
efetivamente uma Nação e não restam dúvidas. Entender a Nação é
ter a consciência que não existe destino para além daquele que nós
fizermos.
Julgo
que o essencial neste momento, acima de tudo, é demonstrar aos
atuais responsáveis do País que é importante evoluírem para um
novo estágio, dotar os recursos necessários para se proceder a
realização das eleições quanto antes. A Guiné-Bissau merece a
interrogação da sua gente, dos que querem uma verdadeira revolução,
aquela que é feita com sabedoria e tranquilidade, mas também com um
desígnio, pois os propósitos que caraterizam um povo é a sua alma
e vontade de caminhar no fulgor da sua essência.
Se
tivermos que sacrificar é melhor fazê-lo servindo algo maior que
nós próprios! LV
Luís
Vicente
Lisboa,
28 de Outubro de 2013
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