Várias figuras e vozes críticas guineenses foram raptadas em casa e encontradas mortas. A Liga Guineense dos Direitos Humanos recebeu denúncias de agressões e diz que a situação "vai de mal a pior".
A Guiné-Bissau vive a situação mais nebulosa de sempre, desde o golpe de Estado de 2012, com várias figuras e vozes críticas raptadas em casa e encontradas mortas nas matas, com sinais de agressões com catanas. A revelação é feita por organizações da sociedade civil de defesa dos Direitos Humanos.
Esta quarta-feira (09.10), Yasmine Cabral, funcionário da ONU em Bissau e ativista da Liga Guineense dos Direitos Humanos, foi espancado por um grupo de pessoas que afirma serem militares. Já esta quinta-feira (10.09), vários guineenses denunciaram espancamentos à Liga, afirmando que as forças de segurança estão a agredir quem se junta nas ruas de Bissau. Ferimentos com catanas, chicotes e paus são algumas das queixas.
Nos últimos meses, vários casos de perseguição, espancamento, intimidação e assassinatos têm provocado grande preocupação no seio dos guineenses. As organizações da sociedade civil do país consideram este quadro o reflexo da inoperância do Estado. O facto leva a que vários políticos e atores da Guiné-Bissau não aceitem pronunciar-se sobre o estado em que se encontra o país ou mesmo condenar as violações dos direitos fundamentais das pessoas, notam as organizações da sociedade civil.
O caso de Botche Candé, desaparecido há duas semanas Um dos casos recentemente confirmados pela Liga Guineense dos Direitos Humanos envolve oatual director de campanha do antigo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. Botche Candé continua desaparecido ou talvez escondido há mais de duas semanas, por estar alegadamente a ser perseguido por um grupo de pessoas armadas e com uniformes militares, desde que leu publicamente uma mensagem que Carlos Gomes Júnior enviou aos militantes do seu partido. Depois do comício que ele proferiu na região de Gabu, foi perseguido e estava a ser procurado por pessoas que se desconhecem mas que andavam de tabanca em tabanca à procura dele", conta Augusto Mário, vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos. O ativista revela que "Botche teve que se refugiar para salvaguardar a sua integridade física".
Militar encontrado morto
"Na semana passada, numa mata nos arredores de Bissau, foi encontrado o corpo de um militar com a patente de furriel. O corpo, de acordo com a Liga, apresentava sinais de ter sido agredido com catana. "Ele estava em casa quando, por volta das 7 da tarde, recebeu um telefonema de um suposto colega militar que lhe disse que tinha de estar no quartel àquela hora", conta Augusto Mário. "Ele deslocou-se de imediato ao quartel, mas, antes de lá chegar, foi raptado".
O vice-presidente da Liga explica que se desconhecem os autores destes casos, uma vez que "as pessoas vão para a ação mascaradas e em carros sem matrículas". "É difícil dizer quem são os responsáveis. Se houver uma investigação séria, é possível descobri-los", conclui.
Situação "vai de mal a pior"
Perante este clima de terror, a sociedade civil guineense não tem dúvidas: a violação dos direitos humanos na Guiné-Bissau, desde o golpe militar do ano passado, vai "de mal a pior". "É verdade que depois do 12 de abril as coisas pioraram: estamos a assistir ao período mais nebuloso no que diz respeito aos direitos humanos", afirma Augusto Mário.
O episódio acontece depois de o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, ter condenado os interrogatórios a que autoridades policiais e militares têm submetido algumas figuras públicas. No passado dia 1 de outubro, duas rádios de Bissau foram pressionadas depois de emitirem um discurso público em que o líder das Forças Armadas, António Indjai, acusou o Governo de corrupção.
Perante este clima de terror, a sociedade civil guineense não tem dúvidas: a violação dos direitos humanos na Guiné-Bissau, desde o golpe militar do ano passado, vai "de mal a pior". "É verdade que depois do 12 de abril as coisas pioraram: estamos a assistir ao período mais nebuloso no que diz respeito aos direitos humanos", afirma Augusto Mário.
O episódio acontece depois de o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, ter condenado os interrogatórios a que autoridades policiais e militares têm submetido algumas figuras públicas. No passado dia 1 de outubro, duas rádios de Bissau foram pressionadas depois de emitirem um discurso público em que o líder das Forças Armadas, António Indjai, acusou o Governo de corrupção.
(in:DW)
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