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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Júlio Silvão Tavares dedica curta metragem ao Carnaval da Guiné-Bissau

Júlio Silvão Tavares deve estrear, em Fevereiro de 2014, o documentário sobre o Carnaval da Guiné-Bissau: “A Esperança dos Foliões”. É um filme de 20 minutos que entrelaça a história conturbada da Guiné-Bissau com o sonho de paz que os grupos de Carnaval teatralizam. De todas as partes do país, de várias tribos, todos os anos desfilam com as suas belas máscaras pelas ruas de Bissau, exortando os líderes a encontrar o caminho da conciliação.

 
(foto: web)

Em 2007, o Centro Cultural Português na Guiné-Bissau convidou Júlio Silvão Tavares e dois realizadores portugueses a produzir três olhares sobre o Carnaval da Guiné-Bissau. A meio do caminho, quando o realizador cabo-verdiano já havia concluído as filmagens, o projecto abortou. “Tinha de dar um destino a essas imagens. Faltava saber qual”, conta Júlio Silvão Tavares.

Ao analisar o material, o realizador concluiu que “havia o suficiente para colocar uma gota de água na pacificação do país”. Agora, cinco anos depois, o documentário está finalmente pronto, quase a estrear. “Vai ficar pronto no fim de Novembro, mas estou a projectar a estreia para Fevereiro de 2014, mês do Carnaval”, anuncia o realizador cabo-verdiano.
O pivô do filme é a máscara do Carnaval tradicional da Guiné-Bissau. É ela que dita a cadência da história e o tempo dos protagonistas: os grupos de diferentes etnias que desfilam pelas ruas de Bissau mas também as personalidades da Guiné. “É de admirar o quanto o carnaval inspira essa gente, a ponto de esquecerem as divergências e a relativa insegurança que se vive no país”, elogia Júlio Silvão Tavares.
A máscara é “das mais belas do continente africano”, afirma o realizador. Mas não é a beleza estética da peça que mais interessa a Júlio Silvão Tavares. É a mensagem que transmite. “Uma mensagem de esperança na estabilidade política, na reconciliação e no desenvolvimento integral do país, ideias pelos quais se derramou sangue e suor durante a gesta da libertação sonhada por Cabral. A máscara simboliza uma Guiné livre, solidária e acolhedora”, declara o cineasta.

Para Silvão Tavares, ao difundirem a mesma mensagem de unidade, liberdade e solidariedade, os foliões provam que os guineenses são “um povo maduro. Sabem quando e como criticar”. “É simplesmente fantástico: ver o desfile de diferentes tribos num único espaço, de forma ordeira e irmanada. Isso, do meu ponto de vista, deita por terra a tese de que os conflitos têm como base as divisões étnicas, defendida por muitos estudiosos e organizações internacionais”.

A génese dos conflitos que ciclicamente abalam a Guiné Bissau é outra, defende o realizador: “São os muitos interesses pessoais “obscuros”, nacionais e estrangeiros, que atropelam o bem colectivo. A Guiné não precisa disso. Precisa de estabilidade e clarividência, tempo e determinação para tirar proveito da sua riqueza”.
Júlio Silvão Tavares é um dos mais produtivos cineastas cabo-verdianos. Da sua filmografia fazem parte Batuque – A Alma de um Povo; Cabo-Verde a Cores, Em Busca de Liberdade, Praia – A Cidade de Sonhos, Eugénio Tavares - Coração Crioulo e S. Tomé e Príncipe – Minha Terra, Minha Mãe, Minha Madrasta. Prontos a estrear tem: Guiné-Bissau – A Esperança dos Foliões e A Pedra do Poeta. E em breve espera iniciar a montagem de mais dois documentários: Cabo Verde – A Encruzilhada Atlântica e Tabanca – O Mito dos Resistentes.

(in:semana)

 

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