PAIGC
A deriva dum partido
Quem podia imaginar que o golpe de Estado do 12 de Abril de 2012
conseguiria com uma só estocada atingir dois alvos. O primeiro foi a
desintegração do governo dirigido pelo PAIGC e a possibilidade deste
partido, de mais uma vez ganhar as eleições interrompidas. O segundo foi
a desorganização interna do PAIGC, que afinal não tinha estabilidade
organizacional.
O PAIGC foi desde a independência um partido bem
estruturado, com uma hierarquia direccional bem definida e distinta. O
que não impedia as guerras intestinais.
Com uma direcção vertical, permitia conhecer os futuros líderes, sem ter
que passar por votos internos, com os seus vícios, como aliás se
verificou na última década.
Se no seio do PAIGC houvesse uma
disciplina partidária que permitisse não só condenar o golpe de 12 de
Abril, como aliás aconteceu, mas também fazer prevalecer o seu estatuto
de partido do poder, no poder, tendo em vista que tudo indicava que
seriam vencedores do escrutínio passado, se este não fosse brutalmente
interrompido.
Nessa conjuntura, a unidade partidária permitiria (com a imagem demonstrada) garantir uma vitória se um dia as eleições se
realizassem.
A luta fratricida no seio mesmo do partido, que nos dá a
entender que a busca do homem providente seria a solução, nos demonstra
que afinal se trata dum golpe golpe interno entre aqueles que se
julgam vencedores do próximo escrutínio, mesmo ao risco de dividirem o
partido em duas ou mais partes, como aliás aconteceu com o partido de
Bafatá e que culminou com a implosão do mesmo.
O PAIGC longe de
poder ganhar as próximas eleições, ele risca uma implosão como uma
estrela velha. Sem uma linha de conduta convincente, o povo que julgamos
analfabeto , não é cego para detectar a ambição pessoal de certos, que
no fundo pouco lhes importa a saída do caos.
A deriva do PAIGC nas
águas turvas que o conduz para um abismo desconhecido, condena o país a
encarar com desconfiança uma outra formação partidária, embora com
conhecimento de causa que, o desafio será perdido d'avanço.
A
emergência duma outra formação partidária com um homem providente seria
uma utopia visto o carácter tribalistas que tem tomado as eleições no
país.
As eleições de 24 de Março próximo, esconde um mistério que os
guineenses detestam: ninguém se destaca como líder carismático, em quem
podem confiar os destinos do país; ninguém aposta hoje com convicção
num potencial ganhador.
Nenhuma eleição antes passou com tamanha incerteza.
(por: P.G. nov.2013)
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