Moussa Diawara, jornalista da Guiné-Conacri, pediu asilo político na Guiné-Bissau por recear pela sua segurança no país onde alegadamente estaria a ser "perseguido pelo Presidente", Alpha Condé, anunciou hoje.
Em conferência de imprensa, na sede da Liga Guineense dos Direitos
Humanos, em Bissau, Moussa Diawara, de 29 anos, afirmou que fugiu do seu
país em setembro, refugiando-se primeiro no Mali e depois no Senegal.
O jornalista contou que "é o próprio Presidente" da Guiné-Conacri que
o tem perseguido, desde que a rádio que Diawara dirige, a Bata FM, da
região de Cancan (segunda capital do país), emite programas dando voz
aos opositores ao regime.
A rádio também denuncia situações de corrupção no país, o que "não agrada ao poder", acrescentou o jornalista.
Moussa Diawara disse que saiu do Mali para o Senegal devido ao facto
de aquele país "ter fortes ligações" com as autoridades de Conacri e
mesmo na capital senegalesa sentiu-se ameaçado por diversas vezes,
disse.
O jornalista contou que esperou "em vão" durante mais de um mês para
ser recebido pelas autoridades do Senegal, para formalizar um pedido de
proteção, e tendo constatado que corria riscos, decidiu pedir asilo
político junto da embaixada da Guiné-Bissau, em Dacar.
"O senhor que me deu guarida, em Dacar, foi detido durante alguns
dias quando o Presidente Alpha Condé se deslocou a Dacar" para uma
cimeira de chefes de Estado e "a partir daí percebi que não estava
seguro no Senegal", disse Moussa Diawara.
Segundo referiu, tem como destino final a França, mas para já acusa a
embaixada francesa, em Bissau, de lhe negar entrada na chancelaria onde
pretendia entregar uma carta ao cônsul.
França "é um país de liberdade", referiu, desiludido por lhe estar "a negar proteção".
"Se um dia me acontecer qualquer desgraça, estou a ver Paris a
condenar e a lamentar [a situação], quando podia socorrer-me agora",
observou Moussa Diawara.
O presidente em exercício da Liga Guineense dos Direitos Humanos,
Augusto Mário da Silva, afirmou que a situação de Moussa Diawara
demonstra "a insensibilidade" de alguns regimes africanos perante os
valores da democracia.
A Liga vai ainda hoje endereçar uma carta ao Governo guineense,
pedindo esclarecimentos sobre o pedido de asilo do jornalista, e também
solicitar proteção junto da delegação do Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados.
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