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Joseph Pulitzer

terça-feira, 19 de maio de 2015

"A RECONCILIAÇÃO "


Hoje a caminho do trabalho ouvi, na RDP África o Presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau dizer acertadamente que é necessário fazer um esforço para ultrapassar o que aconteceu no passado, para nos reconciliarmos verdadeiramente, “sem ajustes de contas” ou “caças às bruxas”.


E dei por mim a pensar sobre aquelas palavras. Ditas com convicção como aliás quase todos os autores políticos da Guiné- Bissau ao longo destes anos fazem quando falam da Paz e Estabilidade. E disse para mim:

“Se a verdadeira reconciliação fosse apenas uma questão de palavra tínhamos o assunto resolvido. Porque os discursos à volta deste tema são todos firmes, bonitos, entusiasmantes etc. Mas não”.

Entendo, modéstia à parte que o problema da reconciliação é mais complexo do que parece e exige mais do que simples palavras. Não envolve retórica, dinheiro, conferências, colóquios, projectos etc…É uma questão de vontade primeiramente individual, depois política, dos autores políticos para que nós, o povo nos sintamos bem representados e possamos ter a certeza que o interesse geral é o que move quem nos governa. Ultrapassar as divergências e procurar a reconciliação.

Espero que, quando se fala em reconciliação, o discurso seja dirigido, primeiramente aos autores políticos, a todos os órgãos de soberania com responsabilidades políticas, com responsabilidades pelo desígnio do País e com a responsabilidade de carregar um povo que deve ser o foco de atenção. A esses porque a verdadeira reconciliação deve vir de cima, o exemplo não deveria ser invertido. Até por uma questão de crença, motivação necessária.

Não nos peçam reconciliação porque nós, o povo, já mostramos que ultrapassámos o passado, pela nossa paciência e capacidade de perdoar vezes sem conta ao longo destes 40 anos.

Demonstrámos que não esquecemos tudo o que se passou mas pretendemos a Paz e Estabilidade e por isso ultrapassámos o passado.

Não esquecemos estes 40 anos de sucessivos adiamentos do desenvolvimento do país, mas perdoamos e mobilizamos por uma causa comum: o País. Exemplo disso foi a capacidade de mobilização para as ultimas eleições, a maturidade, o civismo, a tolerância demonstrada.

Não esquecemos estes últimos anos de vários recomeços mas ultrapassamos e abraçamos mais uma esperança e apoiamos os que entendemos que bem nos podem representar.

Reconciliação significa ultrapassar, perdoar mais do que esquecer. Mas a capacidade de perdoar, ultrapassar só acontece quando o geral é mais forte do que individual.

Quando o nosso orgulho não representa nada quando em causa estão pessoas e o país.

Mas só os verdadeiros patriotas promovem a Paz e Estabilidade. E esses estão escassos.

Só têm a capacidade de reconciliar e promover a Paz os que agem sem arrogância e orgulho exagerados. Os que sentem e com atitude lutam para aliviar a pobreza, os sacrifícios e sofrimentos do seu povo.

Os que o interesse geral está acima do seu interesse pessoal.

Os tolerantes e maleáveis nas palavras, os que promovem o diálogo e buscam consensos.

Por tudo isto e mais ainda, acreditar que possa existir algures por aí” Homens ” com vontade de promover a verdadeira e necessária reconciliação.

O povo ainda acredita. O povo tem paciência. Mas até a paciência tem limites.

Porque no fim Guiné- Bissau e seu povo 1º.

19/05/2015

Amélia Costa Injai (ACI)

Guineense

Gestora Bancária

Licenciada em Ciências da Comunicação e Cultura

Formação Gestão e liderança


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