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Joseph Pulitzer

domingo, 31 de maio de 2015

República Saharauí: a última colónia africana pede apoio face à dominação de Marrocos

Enquanto alguns chamam de colonialistas aos portugueses, outros dormem na mesma cama com o último colonialista efectivo e africano que é Marrocos.


Tal como no Senegal os acordos c/ a GB, nunca serão levados a cabo na sua total concretização. O material que receberam agora, não passou de esmolas como todo o poder retrogrado gosta de fazer para iludir e para que a própria miséria lhe preste vassalagem. O tempo vos mostrará o verdadeiro texto desta farsa.


Mas a ignorância grassa na GBisssau. a falta de consciência politica é generalizada e seitas religiosas e outras seitas da corrupção, e da marginalidade politica encarregaram-se de obscurantizar o povo guineense, para que ao fim de 40 anos de independência, ainda ande à procura do seu futuro e continua ensombrado pela insegurança interna.


Mais,,, nem se aperceberam que a GBissau, por via da violação protocolar convencionalmente aceite por toda a comunidade internacional, foi grosseiramente violado, para que simbólica e politicamente a Guiné-Bissau se "ajoelhasse" perante o poder de Marrocos. Já aqui foi exposto e no FBook BR também. (Carlos Filipe, 31 maio 2015)

(obs. Malam Bacai Sanhá suspendeu o reconhecimento da RASD em 2010)

 

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O ministro da República do Saharauí, Mohamed Laarosi, prestigiou o 13º Cecut Brasília e solicitou a solidariedade da classe trabalhadora brasileira, para unir-se à luta contra a colonização daquele país e em defesa da soberania saharauí. Ex-colónia da Espanha, o país agora é dominado pelo Marrocos, sendo considerado a última colónia da África. O conflito na República Saharauí dura 40 anos, com ocupação militar e denúncias de descumprimento dos direitos humanos. O ministro explicou durante o Cecut a situação que considera calamitosa da República Saharauí. Veja, a seguir, entrevista completa que Mohamed Laarosi concedeu à CUT Brasília.
  1. Qual a situação política do povo da República Saharauí?
Com a descolonização da República Saharauí pela Espanha, nosso vizinho Marrocos decidiu, em um dos episódios mais trágicos na história da África, invadir militarmente o território, expulsar um quarto de sua população, bombardear com Napalm e fósforo branco os fugitivos, cercar as cidades e implantar uma política de genocídio que dura quase 40 anos, através do assassinato em massa, da desapropriação forçada, do aniquilamento dos símbolos culturais e do saque constante dos recursos naturais. Actualmente, o povo saharauí continua lutando e resistindo, de forma pacífica, com a direcção de seu único e legítimo representante, a Frente Polisário, para garantir seu direito inalienável de liberdade, de autodeterminação e independência.
  1. Qual a relação que o povo saharauí tem com o Marrocos?
O Sahara Ocidental e seus habitantes não têm qualquer vínculo com o Marrocos além dos vínculos culturais, que são compartilhados com o resto dos países da Região. Além disso, uma das ligações que temos com o Marrocos é que contribuímos muito na luta para que o Marrocos se livrasse do colonialismo francês.  Em 1975, o Tribunal Internacional de Justiça declarou que o povo saharauí e seu território  não têm nenhum vínculo de soberania com o Marrocos e ressaltou o fato de sermos um povo originário, historicamente organizado, independente. Entretanto, o Sahara Ocidental, ainda hoje, continua sendo um dos 16 territórios, o último da África, no livro das Nações Unidas inscrito como pendente de descolonização.
  1. Qual a política dos Estados Unidos em relação à República Saharauí?
Historicamente, os Estados Unidos e a França se serviram do Marrocos para consumar seus planos de intervenção e neocolonialismo em nossa Região. Estes dois países, junto com Israel e as monarquias do Golfo Pérsico, armaram-se com o restante de seus petrodólares e a ditadura do Marrocos para aniquilar o povo saharauí e assediar a estabilidade de países vizinhos, como Argélia e Mauritânia, cujas lutas anticoloniais haviam resultado em sua independências. Empresas de capital americano e francês estão envolvidas com o saque dos recursos naturais do Sahara Ocidental. Diferentes administrações americanas e francesas sustentaram politicamente a rebeldia marroquina contra a legalidade internacional. Desde a primeira administração de Barack Obama se empreita o início de uma tímida mudança da relação entre os Estados Unidos e o Sahara Ocidental. Já a França, ainda nos dias de hoje, é um caso perdido. Ela continua afundada em seu complexo colonial e sua política de padrões dúbios.

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  1. Quais as dificuldades do povo saharauí?
Nossa maior dificuldade é a falta de liberdade. Quando um povo não desfruta de sua liberdade, todos os direitos são negados e pisoteados sistematicamente. Entretanto, estamos decididos a recuperar a soberania de nossa terra. Durante 40 anos temos dado provas suficientes disso. Mesmo que a nossa realidade seja de um país ocupado por uma potência estrangeira e nossos recursos naturais estejam explorados por multinacionais e países que não têm o mínimo respeito à legalidade internacional. E mais: essas mesmas potências, através de seus tentáculos mediáticos, guardam um silêncio profundo sobre o drama político e humanitário que sofremos. Eles escondem a violação dos nossos direitos humanos; o muro mais extenso do mundo, construído por Marrocos, com mais de sete milhões de minas, e que separa pais de filhos há 40 anos; a precária situação dos refugiados, assim como a valente resistência do nosso povo.
  1. Como são trabalhadas as políticas públicas para o povo saharauí?
No território do Sahara Ocidental, os cidadãos saharauís vivem em um gueto. Os bairros de população saharauí são vigiados e cercados 24 horas por dia por unidades da polícia militar e por uma rede de ditadores e informantes do regime, que vão desde o padeiro da esquina até o professores das crianças. O regime de ocupação chegou a elaborar até documentos de identidade que distinguem claramente às forças de repressão quem é saharauí de quem é marroquino. Os poucos trabalhadores saharauís estão expostos à permanente ameaça de serem expulsos de seus postos ou levados aos centros de detenção e tortura diante da mínima suspeita de ostentarem ideais políticos contrários à ocupação marroquina. No melhor dos casos, os trabalhadores saharauís são destinados pela lei às cidades do interior do Marrocos, para serem desvinculados definitivamente de sua terra e de sua sociedade. Nem mesmo a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental – Minurso, existente no território desde 1991, pôde dar fim ao gueto imposto. Ainda nos dias de hoje, nenhum cidadão saharauí pode ser empregado.
  1. Como é a actuação de movimentos sociais na República Saharauí?
Apesar da brutal repressão, o povo desafia o terror e se une às forças de imigração para que seus escassos meios e possibilidades possam expressar ao mundo que, depois de 40 anos de assédio e com duas gerações nascidas sob a ocupação marroquina, seguimos rechaçando de forma categórica o feito colonial, e exigimos, em uníssono, a independência do país. Em outubro de 2010, mais de 30 mil saharauís, convocados por diversas entidades sociais contrárias à ocupação e suas nefastas consequências na vida económica e social dos saharauís, realizaram acampamento de protesto pacífico em Gdaim Izik, perto de Aaiún, capital do Sahara Ocidental. Utilizamos da solidariedade internacional e das novas tecnologias da informação para que, durante um mês, pudéssemos expressar ao mundo a inconformidade com a ocupação marroquina. Muitos intelectuais do mundo que acompanharam o desenvolvimento daquele protesto o avaliam como o início da Primavera Árabe, cujo exemplo animou e contagiou rapidamente milhares de jovens no Marrocos, Túnez e no Egito. O número de vítimas do selvagem ataque militar realizado ao acampamento no Sahara Ocidental um dia será esclarecido. O que sabemos até hoje é que 24 representantes de movimentos sociais que organizaram o acampamento, na maioria jovens, passarão o resto de suas vidas atrás das grades, já que o tribunal militar condenou, em fevereiro de 2013, muitos à prisão perpétua e a penas que vão de 15 a 30 anos de reclusão.
  1. Qual a colaboração que a Central Única dos Trabalhadores poderia conceder à República Saharauí?
A CUT, desde sua fundação, em 1983, tem o mérito histórico de ser, no Brasil, uma das primeiras tribunas de expressão de solidariedade à luta do povo saharauí. O apoio da CUT tem sido substancial para difundir e sensibilizar a opinião pública sobre a realidade de nossa luta; em condenar energicamente as graves violações aos direitos humanos no Sahara Ocidental; assim como em apoiar e acompanhar a luta da União Geral de Trabalhadores Saharauís. Nos últimos anos, a CUT, junto com organizações sindicais e partidos políticos, tem exigido do governo brasileiro o reconhecimento diplomático da República Árabe Saharauí Democrática. Agradeço em nome do povo saharauí a incondicional solidariedade da CUT e das forças políticas do Brasil.

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