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Joseph Pulitzer

sábado, 23 de maio de 2015

Os filhos da guerra colonial que ficaram para trás

Dois anos depois de uma equipa do PÚBLICO ter contado as histórias de filhos de ex-combatentes portugueses da guerra colonial com mulheres guineenses que foram deixados para trás, é inaugurada esta sexta-feira uma exposição fotográfica sobre o tema, que será seguida de um debate em que será discutido o direito destes filhos ao conhecimento das suas origens genéticas e à reserva da vida privada dos ex-combatentes.


Os dois eventos inauguram o festival Rotas&Rituais 2015, que se prolonga por uma semana, e irá debater o colonialismo e descolonização, no Cinema São Jorge, em Lisboa.

O festival Rotas&Rituais 2015, que se realiza pela oitava vez e que este ano tem como mote os 40 anos das independências das ex-colónias, inaugura-se hoje às 18h00 com a exposição do fotojornalista do PÚBLICO Manuel Roberto, que poderá ser vista no foyer do São Jorge até 29 de Maio. A apresentação do evento caberá ao director adjunto do jornal, Nuno Pacheco.

Ao longo de 29 imagens são mostrados os rostos de algumas das histórias que o PÚBLICO encontrou na Guiné-Bissau, numa reportagem realizada em 2013, que recebeu o premio Gazeta Multimédia 2014, atribuído pelo Clube de Jornalistas. A exposição chama-se Filhos do Vento como o título da reportagem, da autoria de Catarina Gomes, com imagens-vídeo de Ricardo Rezende e webdesign de Andrea Espadinha e Dinis Correia.

Manuel Roberto começou a carreira como foto-jornalista no semanário moçambicano Domingo, está no PÚBLICO desde 1994, participou em várias exposições colectivas, esta é a sua primeira exposição individual.

Algumas destas imagens expostas foram já recolhidas por Manuel Roberto em Angola durante este ano, numa outra reportagem multimédia do PÚBLICO que será divulgada a 18 de Junho e que dará conta, desta vez, da viagem de um ex-combatente português, hoje com 63 anos, que sempre soube que tinha deixado um filho para trás mas que nunca conheceu.

A seguir à inauguração da exposição, o festival continuará com uma conferência sobre o tema, às 19h30, onde participarão a socióloga do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, com uma conferência intitulada Os netos que Salazar não teve, o sociólogo e ex-combatente Luís Graça, mentor de um blogue onde a questão começou a ser debatida, falará “da guerra que se conta aos filhos”, Rafael Vale e Reis, especialista em direito biomédico da Universidade de Coimbra, irá levantar a questão: "terão os “filhos do vento” direito ao conhecimento das suas origens genéticas?", a jornalista do PÚBLICO Catarina Gomes fará a ponte entre “os filhos de lá e de cá”. A entrada para a exposição e conferência são gratuitas.

O programa completo do festival pode ser consultado em http://www.rotaserituais.com. O evento inclui conferencias, documentários, música. Termina a 29 de Maio com um concerto do lendário grupo cabo-verdiano Os Tubarões, cujo tema, escrito há quase 40 anos, "Labanta Braço, Grita Bo Liberdade" (Levanta o braço, grita a tua liberdade) é o mote do festival.

(Inês Miriam Henrique é filha de um ex-combatente português de quem conhece apenas o apelido. Foto: Manuel Roberto)

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