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Joseph Pulitzer

domingo, 6 de dezembro de 2015

A realidade das “crianças-irã” na G-Bissau

As crianças que nascem deficientes, que são gémeas, albinas ou simplesmente feias demais aos olhos dos pais são abandonadas ou eliminadas. O jornalista Francisco Pedro fala á Renascença da exposição que resulta da viagem que realizou à Guiné- Bissau.


“Mães coragem… e o vazio das crianças que não puderam ser felizes” é o título da exposição que o Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima inaugura oficialmente este sábado.

Trata-se de 24 fotografias do jornalista Francisco Pedro que resultam da viagem que realizou em 2014 à Guiné- Bissau, integrado num grupo de missionários da Consolata.

Fotografias que pretendem servir como um alerta para o sacrifício de bebés que continua a verificar-se naquele país africano, através de um tributo às mães que têm a coragem de salvar os seus filhos, contrariando as crenças e tradições tribais.

De acordo com o jornalista da revista “Fátima Missionária”, na Guiné-Bissau existe uma tradição “em que eliminam ou abandonam as crianças quando elas nascem deficientes, são gémeas, albinas ou simplesmente são feias demais aos olhos dos pais”. São as chamadas “crianças-irã” ou “crianças feiticeiras”.

Em entrevista à Renascença, o jornalista conta que “os guineenses acreditam que estas crianças não são humanas e trazem associados determinados poderes enviados pelo demónio, que podem ser responsáveis por um conjunto de males para a família e para a comunidade, por isso organizam cerimónias para as matar”.

A ideia da exposição é dar a conhecer esta realidade, “partindo das mães que têm a coragem de não cumprir essas tradições, mesmo correndo o risco de virem a ser discriminadas pela própria comunidade que aceita este tipo de rituais”.

Lamentando que se trate de uma situação da qual ninguém queira falar, Francisco Pedro salienta que “felizmente há muitas mães que vão resistindo a essas tradições”. E aponta o caso de uma mãe, retratada nesta exposição, “que tem três pares de gémeos”, mais seis filhos do marido, e que “consegue tratar desses filhos todos”.

No entanto, fá-lo com grande sacrifício ao ponto de “todos os dias ter de ir buscar água, e pode ter que andar umas horas a pé até conseguir”. Por outro lado, alguns dos gémeos estão subnutridos e “ela para ir ao Centro Nutricional tem de fazer quatro horas a pé com duas crianças ao colo”.

Nesta exposição não encontrará fotografias das chamadas “crianças Irã”, mas de outras, felizes, acompanhadas de suas mães-coragem. Através do seu olhar feliz, o autor procura também enaltecer o trabalho que está a ser feito em Bissau pela Cáritas, diocese e religiosas da comunidade de Santa Mariana de Jesus, ao acolherem muitas das crianças rejeitadas, na Casa Bambaran. E realçar o esforço das irmãs missionárias da Consolata, através das acções de sensibilização junto das comunidades rurais, um pouco por todo o país.
Com inauguração neste sábado, a exposição tem entrada livre e pode ser vista até 3 de Janeiro de 2016.
 

 

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