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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ramos Horta pede bloco de fala portuguesa


Ex-presidente do Timor palestrou na noite de segunda-feira no Fronteiras do Pensamento

 


(Prêmio Nobel da Paz integra missão da ONU na Guiné-Bissau e falou em Porto Alegre no Salão de Atos da Ufrgs  -  Foto: Lauro Alves / Agencia RBS)

 

Blocos como a União Europeia e a União Africana são formados por Estados, "mas desligados da realidade". A defesa de José Ramos-Horta, herói da independência do Timor Leste e atual representante especial da ONU na Guiné-Bissau, é de que os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa formem uma efectiva comunidade, conhecida por todos os seus habitantes e conectada às suas realidades.
O timorense falou na noite desta segunda-feira no Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da UFRGS.
 _ Proponho que a CPLP seja na verdade uma comunidade entendida por todos os 300 milhões que oficialmente a constituem. Uma comunidade para colocar em pé de igualdade os países falantes de língua portuguesa, e para passar por cima de certo descaso da ONU com a situação difícil de alguns dos países _ como a Guiné-Bissau, de cuja empreitada de paz Ramos-Horta participa desde janeiro.
_ A missão em Guiné-Bissau é a indiada das Nações Unidas _ brincou.
E deixou claro seu método de trabalho ante a ONU: _ Faça mais, melhor e com menos recursos. Ramos-Horta cita os exemplos das missões de paz do Haiti e do Congo como dispendiosas e desatentas à questão da paz - sua real razão de ser.
A falta de recursos e de atenção à questão da Guiné-Bissau, no entanto, o assusta. Na conferência, o jurista foi crítico à capacidade de intervenção dos organismos internacionais em países em crise. Para ele, a ONU deixa conflitos se deteriorarem e só acorda quando a luta chega ao ponto do caos. Foi o caso da Somália ou do Mali - assim como o de Guiné-Bissau, país visto como porto do narcotráfico.
O povo depende economicamente da droga, a redemocratização é lenta e dolorosa (eleições gerais estavam previstas para novembro, mas, segundo ele, a realização provavelmente não será possível), E contou de sua luta para financiar as caras eleições de Guiné-Bissau, cujo orçamento é estimado em quase US$ 20 milhões de dólares. Nigéria e Costa do Marfim ofereceram apoio, mas a CPLP nada fez. No entanto, os meios de comunicação electrónicos trarão atenção à questão, confia Ramos-Horta, assim como no caso do Timor Leste em 1990.
O Fronteiras Porto Alegre é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed, Weinmann Laboratório, Santander, CPFL Energia, Natura e Gerdau. Promoção Grupo RBS. O projeto conta com a UFRGS como universidade parceira e com a parceria cultural de Unisinos, prefeitura de Porto Alegre e governo do Estado.

 (Fernanda Grabausk)


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