Um ministro do Governo de transição da Guiné-Bissau foi, na
terça-feira à noite, espancado à entrada de casa por um grupo de homens
armados e está refugiado nas instalações das Nações Unidas em Bissau. A
sede do partido de outro dos principais membros do executivo foi
vandalizada.
O primeiro caso visou
Orlando Mendes Viegas, que tem a pasta dos Transportes e Comunicação no
executivo instaurado após o golpe de Estado de Abril de 2012.
“O
ministro foi admitido para cuidados médicos na clínica das Nações Unidas
em Bissau, e poderá necessitar de uma evacuação médica a fim de receber
outros tratamentos que não podem ser feitos no país”, segundo um
comunicado da UNIOGBIS, Gabinete Integrado das Nações Unidas para a
Consolidação da Paz na Guiné-Bissau.
Horas depois, na quarta-feira
de manhã, foi vandalizada a sede da União Patriótica Guineense, força
liderada por Fernando Vaz, ministro de Estado do executivo. Num
comunicado, a organização denunciou a invasão por “quatro homens
não-fardados”, que perguntaram pelo presidente, rasgaram fotos dele e
dirigiram-lhe insultos.
Na
sequência da agressão a Orlando Viegas, o Partido da Renovação Social
(PRS), do antigo Presidente Kumba Ialá, de que o agredido é um dos
vice-presidentes, ameaçou abandonar o Governo. O executivo condenou os
ataques e anunciou “diligências para a identificação dos autores”.
Também
o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde),
partido com maioria no parlamento – que viu o seu Governo afastado no
ano passado e agora tem representantes no executivo de inclusão –,
condenou o sucedido. “Não é o primeiro espancamento de civis nos últimos
tempos, mas este ultrapassa todos os limites. É perfeitamente
intolerável que um membro do Governo seja vítima de tais sevícias”,
reagiu, num comunicado.
O representante especial do
secretário-geral das Nações Unidas, Ramos-Horta, considerou o ataque
“inadmissível num Estado de Direito democrático” e acrescentou que “mina
os esforços que a comunidade internacional tem feito para a paz e a
estabilidade do país”.
O espancamento da noite de terça-feira
“evidencia de forma inequívoca a espiral da violência e a insegurança
generalizada no país”, considera a Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Num comunicado divulgado em Bissau, a organização condena o
espancamento, reclama a abertura de um inquérito e denuncia a “crescente
propagação de ondas de violência gratuita” e outros actos de agressões,
incluindo a agentes de defesa e segurança, que, nos últimos tempos,
causou mortos e feridos.
Um dos recentes casos visou um capitão da
Brigada de Engenharia Militar, vítima de agressões no Centro de
Instrução Militar de Comeré, no dia 23, e que foi visitado na
quarta-feira por Ramos-Horta.
A Liga questiona também a
permanência no país da Ecomib, força da Comunidade de Estados da África
Ocidental, que tem como mandato a segurança e a protecção dos cidadãos e
à qual acusa de ter um “olhar impotente” perante a situação.
A
Guiné-Bissau vive uma fase de transição, após o golpe de 2012. Para 24
de Novembro, estavam previstas eleições, que agora deverão realizar-se
no início de 2014. O Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, propôs
aos partidos parlamentares que se realizem a 23 de Fevereiro ou 2 de
Março.
(in:publico)
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