Sarifo Nhamadjo diz que maior lição é gerir incompreensões no cargo assumido por inerência das funções parlamentares; presidente em transição diz aguardar financiamento internacional para realização de eleições em novembro.
O presidente de transição da Guiné-Bissau disse à Rádio ONU que está com saudades das funções que exerceu no parlamento do país.
Numa entrevista concedida em Nova Iorque, Manuel Serifo Nhamadjo
falou do seu percurso na presidência, assumida após o golpe de Estado de
12 de abril do ano passado, que o obrigou a deixar a casa legislativa.
Seis Grupos
"A maior lição é gerir incompreensões. Eu fui confrontado com seis
grupos de interesse. De repente, tinha que arranjar solução. Nestes seis
grupos estava o meu partido, o PAIGC, revoltado com a situação. Eu
tinha o PRS, um partido da oposição com estruturas muito bem
consolidadas em vários pontos do país com interesses próprios. Tinha o
terceiro grupo com vários partidos, cerca de 22 partidos, que tinham
também um interesse. A sociedade civil como quarto grupo, as forças
armadas e a comunidade internacional, que caiu numa incompreensão
completa com o que aconteceu. E conciliar estes seis grupos para um objectivo comum que é um governo de inclusão, uma gestão de transição
conjunta para preparar as eleições foi sendo uma das maiores
experiências".
Após o derrube do governo de então, o comando militar avançou a
proposta da sua nomeação aos partidos do Conselho Nacional de Transição,
na qualidade de ex-líder da Assembleia Nacional Popular.
Carreira Parlamentar
"Eu fui sempre parlamentar cerca de 18 anos, desde
as primeiras eleições multipartidárias, eu fui eleito e continuei
durante as quatro legislaturas até o 12 de abril. Agora, quando fui
chamado a esta missão porque a nossa Constituição diz que na ausência do
presidente da República quem assume é o presidente do Parlamento.
Calhou-me desta vez (estar à frente do Parlamento)."
Relativamente às eleições marcadas para 24 de novembro, o presidente
de transição da Guiné-Bissau disse que as garantias da sua realização
estão condicionadas ao financiamento internacional.
Para Nhamadjo, o início de um registo eleitoral de raiz para o pleito é que deve determinar que haja tranquilidade no processo.
(Eleutério Guevane, da Rádio ONU)
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