As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa (PLP) mais do que duplicaram nos últimos quatro anos, impulsionadas pelo Brasil e Angola, que valem mais de 100 dos 130 mil milhões de dólares movimentados nestes nove países.
(foto: Luis Graça) |
De acordo com os dados da Alfândega Chinesa, a que a Lusa teve acesso,
em 2009 o total das trocas entre a China e os PLP - Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste e São Tomé e
Príncipe - representavam 62,4 mil milhões de dólares, valendo no final
do ano passado 128,5 mil milhões de dólares.
Extrapolando os valores de janeiro a julho para o final do ano, chega-se
então ao valor de 130,1 mil milhões de dólares, que representa uma
subida de 108,3% face aos valores de 2009, o último ano para o qual
existem valores específicos e disponíveis para cada um dos países que
compõem o Fórum Macau.
Olhando para os dados do ano em que o Fórum foi constituído (2003), a
evolução é ainda mais impressionante: em 2003, as trocas comerciais
ultrapassaram os 8,5 mil milhões de dólares, mais que duplicando logo no
ano seguinte, para 18,7 mil milhões de dólares, o que representa uma
subida de 111,7%.
Com o passar dos anos, a duplicação das trocas comerciais nunca mais foi
atingida, mas os valores subiram sempre de forma consistente, a dois
dígitos, exceto em 2009, ano em que a relação comercial desceu 18,9%, de
80,5 mil milhões para 62,46 mil milhões de dólares, e em 2012, ano em
que o volume comercial aumentou 9,6%, de 117 para 128,5 mil milhões de
dólares.
De acordo com os dados da alfândega chinesa, que pecam por defeito dado
que muitas trocas comerciais, nomeadamente de petróleo, são feitas
através de empresas de outros países (por exemplo as petrolíferas
norte-americanas presentes no Brasil e em Angola), e portanto não entram
na contabilização direta entre os países, o Brasil é o país que mantém a
maior relação comercial com a China, movimentando mais de 85 mil
milhões de dólares em trocas comerciais bilaterais no ano passado, e
provavelmente também este ano, seguido de Angola, com quase 40 mil
milhões de dólares.
Os números mostram um aumento exponencial das relações comerciais desde
2009, mas revelam também enormes assimetrias entre os países que compõem
o Fórum Macau: assim, por exemplo em 2010, só Angola e Brasil
representavam a esmagadora maioria das trocas comerciais, valendo mais
de 87 mil milhões de dólares do total de 91,5 mil milhões.
O mesmo acontece para o volume das trocas comerciais, onde a maior
diferença está entre o Brasil e São Tomé: o país sul-americano trocou 85
mil milhões de dólares este ano com a China, ao passo de que São Tomé
ficou-se pelos 2,8 milhões.
Para além dos valores absolutos, também a evolução entre 2009 e 2013
mostra enormes diferenças, sendo que apenas a Guiné Bissau registou uma
redução nas trocas comerciais, passando de 24,8 milhões em 2009 para
18,7 no final deste ano.
Em sentido contrário, a maior evolução percentual registou-se em
Moçambique, que passou de 516,8 milhões há quatro anos para 1,28 mil
milhões de dólares no final deste ano, o que representa uma subida de
149,2%.
Governantes da China e de sete países de língua portuguesa, entre os
quais um primeiro-ministro, um vice-presidente e três
vice-primeiros-ministros, reúnem-se na próxima semana em Macau para
dinamizar as relações económicas e iniciar "um novo ciclo" de
cooperação.
"Novo ciclo, novas oportunidades" é também o lema da IV reunião
ministerial do Forum para a Cooperação Económica e Comercial
China-Países de Língua Portuguesa, que decorrerá na terça e quarta-feira
naquela Região Administrativa Especial chinesa.
(in:rtp)
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