A Assembleia Parlamentar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP) manifestou hoje em Luanda preocupação pela situação em Moçambique e na Guiné-Bissau.
No discurso de abertura dos trabalhos da IV AP-CPLP, que se iniciaram
hoje em Luanda, o presidente cessante, o timorense Vicente Guterres,
manifestou o desejo de que os moçambicanos alcancem "o diálogo
construtivo e profícuo tão útil e necessário à consolidação da paz".
Os trabalhos da AP-CPLP decorrem em Luanda até quinta-feira.
"Sem o entendimento entre irmãos, sem o diálogo permanente entre
todos para a construção da paz, da estabilidade, da segurança, não há
lugar para o desenvolvimento, quer político quer cultural e económico",
salientou Vicente Guterres.
Segundo o presidente do parlamento timorense, o seu sucessor no
cargo, o presidente da Assembleia Nacional de Angola, Fernando da
Piedade Dias dos Santos, tem a desempenhar "um papel importante" no
apoio aos moçambicanos para o alcance da paz.
Moçambique vive a mais grave tensão político-militar desde a
assinatura do acordo de paz, em 1992, que acabou com 16 anos de guerra
civil.
A 21 de outubro, o exército moçambicano atacou e ocupou a base de
Sadjundjira, na Serra da Gorongosa, centro do país, onde se encontrava
há um ano Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o principal partido da
oposição e desde então em parte incerta.
Relativamente à Guiné-Bissau, Vicente Guterres desejou aos guineenses
que o ato eleitoral a ter lugar em 2014 "seja um marco na tão desejada
consolidação da democracia da democracia e das instituições" daquele
país.
"Como é sabido, Timor-Leste apoia financeira e tecnicamente este
processo eleitoral. É um grande esforço para nós, mas acreditados que só
assim poderemos ajudar a libertar o povo guineense de anos e anos de
sofrimento iníquo", referiu.
Na sua intervenção, Vicente Guterres defendeu mais "exigência,
empenho e ação" da organização no cumprimento do compromisso assumido
com a comunidade lusófona.
Segundo o presidente cessante da AP-CPLP, "a passividade é inimiga da
força e do poder de persuasão e de influência" que o parlamento da CPLP
pretende assumir perante a comunidade.
"Os povos que nos elegeram não é isso que esperam de nós. Temos um
imenso poder e devemos fazer uso dele. Temos o poder da língua mais
falada no hemisfério sul, construamos por isso um futuro onde sejamos
líderes", defendeu.
Relativamente às questões institucionais e organizacionais da
AP-CPLP, o presidente cessante disse que a não realização desta IV
assembleia em 2012, como estava previsto, contribuiu para o
desaceleramento da atividade deste órgão da CPLP.
A impossibilidade de implementar outras atividades previstas durante
os dois anos de mandato de Timor-Leste foi justificada com "alguns
constrangimentos nas comunicações quer entre parlamentos, quer com
outros órgãos da CPLP".
Nesse sentido, defendeu a existência de um secretariado permanente da AP-CPLP para melhor organização dos trabalhos.
Por sua vez, o presidente da Assembleia Nacional de Angola, Fernando
da Piedade Dias dos Santos, que assume agora a presidência da AP-CPLP,
disse que esta reunião é uma demonstração do comprometimento assumido
pelos parlamentos lusófonos para com os objetivos a serem atingidos.
Fernando da Piedade Dias dos Santos frisou que apesar da curta
existência da Assembleia Parlamentar da CPLP têm sido dados "passos
vigorosos no sentido da sua afirmação" enquanto voz dos seus povos.
(in:lusa)
Sem comentários:
Enviar um comentário