A afluência ao recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau é fraca e as razões são muitas: a população queixa-se da falta de organização e o Governo aponta a falta de desbloqueamento de verbas financeiras.
O recenseamento que decorre em todo o território nacional visa registar
em 21 dias 800 000 potenciais eleitores para as eleições gerais
previstas para 16 de março de 2013. Foram abertas 18 mesas, dez em
Bissau e oito nas regiões. A falta de uma campanha de educação cívica,
as dificuldades no momento de impressão dos cartões e parcos meios
logísticos atrapalham o trabalho no terreno.
Como explica uma cidadã guineense à DW África: "Ainda não me recenseei,
porque, como todos nós sabemos, houve complicações no próprio dia do
início do recenseamento". Esta cidadã realça que houve problemas a nível
informático, já que os materiais informáticos não funcionaram como
deviam: "Huve falta de preparação do processo de recenseamento", remata.
"Mal organizado" e uma "aberração" é também o veredicto do jovem
Filomeno Sambú de 29 anos de idade.
Autoridades defendem-se das acusações
Não obstante as dificuldades serem reconhecidas pelas autoridades de
transição e os técnicos que trabalham na preparação das eleições
guineenses, o ministro da Administração Territorial, Batista Té, defende
que o recenseamento decorre normalmente: "Desde o início que já tinha
deixado claro que nos estamos a deparar com grandes dificuldades". Mas
se no início houve um "estrangulamento da técnica", diz o ministro,
neste momento "tudo está a funcionar bem".
Diáspora incluída no processo de recenseamento
Segundo este responsável, já estão em curso os mecanismos para
facilitar o recenseamento de potenciais eleitores na diáspora. Batista
Té anunciou aos microfones da DW África que as delegações do Gabinete
Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral deverão seguir viagem no dia 5 de
dezembro para países da África e da Europa, com o intuito de recensear
emigrantes guineenses. Esse é, pelo menos o plano: "Mas estamos a
deparar com dificuldades financeiras. Vamos fazer tuto por tudo para
ultrapassar a situação, mas mesmo que haja um atraso, não será de muitos
dias".
Ajuda internacional ainda não chegou
Batista Té lamentou as dificuldades no desbloqueamento de fundos
prometidos pela comunidade internacional para a execução das tarefas do
recenseamento. Neste contexto, Ovídio Pequeno, representante da União
Africana em Bissau, esclarece: "Há um financiamento nosso também, da
União Africana. Não é preciso quantificá-lo, mas corresponde àquilo que,
neste momento, a União Africana pretende fazer".
No seu primeiro balanço dos primeiros dias do recenseamento, Augusto
Mendes presidente da Comissão Nacional de Eleições, disse ter constatado
em todas as mesas que o processo estava a andar bem: "Apesar de
pequenos estrangulamentos que ocorreram logo no início, as coisas depois
ganharam outro ritmo, outra dinâmica".
Recorde-se que os equipamentos do recenseamento, computador, máquina
fotográfica, leitor de impressão digital e 'scanner', foram oferecidos
pelo Governo de Timor-Leste, mas a execução está a cargo de técnicos
guineenses.
(in:dw)
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