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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ministro do Interior da Guiné Bissau "exigiu" embarque de sírios para Portugal

Comissão de Inquérito guineense aponta culpas a Suka N'Tchamá, mas iliba-o de coação física ou armada. Averiguações "consubstanciam indícios criminais".


A Comissão de inquérito ao incidente com um voo da TAP em Bissau concluiu que o ministro do Interior do Governo de transição guineense - António Suka Intchama, "exigiu" o embarque dos 74 sírios com passaportes falsos para Portugal.
 
De acordo com o relatório da Comissão de Inquérito liderada pelo ministro da Justiça, divulgado esta segunda-feira, "houve de facto uma intervenção direta" do ministro guineense, que alegou "motivos de segurança interna" para exigir o embarque dos sírios. O documento refere ainda que "não houve coação nem física nem armada em relação à tripulação da TAP, nem ao chefe de escala" da companhia aérea em Bissau em relação ao voo de dia 10 de dezembro.

O relatório concluiu também que a ordem do embarque foi dada pelo diretor-geral de escalas das delegações da TAP em África, a partir de Lisboa. Saido Baldé, que presidiu à comissão, explicou, em conferência de imprensa, que os elementos apurados nas averiguações "consubstanciam indícios criminais" que devem ser apurados. O ministro disse que por força do segredo de justiça "a comissão é forçada" a não revelar o teor integral do inquérito, pelo que adianta apenas as conclusões preliminares das averiguações. Saido Baldé não informou a data da entrega das conclusões do inquérito ao Ministério Público, mas adiantou que "algumas pessoas" envolvidas no caso do embarque forçado dos 74 sírios no aeroporto de Bissau para Lisboa "já foram suspensas" de funções. 
 
Um cidadão guineense, de 51 anos e comerciante, está detido desde o dia 11 deste mês apontado como sendo o responsável pela ida dos sírios de Marrocos para Bissau. O presidente da comissão de inquérito referiu que não caberá ao Governo de forma isolada tirar as consequências políticas deste caso, mas a todas as autoridades políticas do país. "Os envolvidos vão ser responsabilizados direta e indiretamente", declarou o ministro da Justiça, confirmando que o Ministério Público já está a ouvir algumas pessoas envolvidas no caso do embarque dos cidadãos sírios no voo da TAP. O ministro afirmou igualmente que no âmbito do inquérito a comissão recolheu os depoimentos do ministro do Interior demissionário - Suka N'Tchama, que devem ser agora remetidos ao Ministério Público.
 
Na sequência deste incidente, que o ministro dos Negócios Estrangeiros  português - Rui Machete, considerou que se assemelhava a um "ato de terrorismo",  a TAP cancelou os voos para Bissau.     

(in: rdp)
 

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