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Joseph Pulitzer

domingo, 24 de janeiro de 2016

Portugueses que ajudaram vítimas do Bataclan homenageados

Os portugueses receberam este sábado a Medalha de Bronze de Paris, uma condecoração da cidade por terem ajudado no socorro às vítimas dos atentados de novembro.


Hermano Sanches Ruivo, vereador da Câmara de Paris, diz que os três portugueses foram essenciais no socorro às vítimas que fugiram do Bataclan, a sala de espectáculos atacada pelos terroristas.
O vereador destaca o trabalho de assistência e a coragem dos três cidadãos, que abriram as portas das suas casas, expondo-se também eles ao perigo.
"São pessoas que tiveram um papel muito importante na noite dos atentados", refere Hermano Sanches Ruivo.

"Quando as coisas chegam à frente dos nossos olhos, por vezes não temos tempo de pensar. Naquele momento não pensei. Eu vi tanta gente aflita, aleijada, com sangue a correr por eles abaixo (...) Nós tínhamos que fazer qualquer coisa e ajudar essas pessoas (...) Acabei por perguntar às pessoas se eram todas do Bataclan, começámos a ter cuidado, mas depois como tínhamos a polícia à porta a tomar conta do prédio, já não tivemos mais preocupação", disse à Lusa.

A portuguesa de Ermesinde, que vive há 35 anos em França e há 28 no bairro do Bataclan, acolheu sobreviventes na sua casa até por volta das cinco da manhã, incluindo uma jovem ferida por balas que recebeu os primeiros socorros no seu sofá. Hoje, o dia é, ainda assim, de festa.

O casal José e Manuela Gonçalves também passou a noite do 13 de novembro a receber dezenas de vítimas do Bataclan no pátio do seu prédio e ajudou a prestar os primeiros socorros a uma jovem grávida de dois meses que acolheu no seu apartamento.

"Ela estava lá sentadinha, estive a confortá-la, dei-lhe água, umas bolachinhas porque ela estava de bebé. Fiquei muito chocada de vê-la assim muito calminha, não chorava, a pôr as mãos nos cabelos porque tinha os cabelos queimados, as meias rotas, não tinha telemóvel (...) Tinha recebido tiros, balas nas pernas, tinha as perninhas cheias de sangue mas não gritava, não gemia", contou à Lusa Manuela, de 50 ano, natural de Fafe.

José e Manuela moram há 26 anos no bairro do Bataclan, e, nessa noite, em vez de ficarem entrincheirados dentro de casa ao abrigo do que se passava lá fora, preferiram estar na linha da frente para ajudar quem precisava.

"Sabe como é, temos um coração, somos humanos, mas a primeira coisa que me chocou mais e me obrigou a fazer o maior esforço possível foi ver esses jovens todos da idade dos meus filhos", contou José Gonçalves, de 48 anos e que nasceu na Maia.

Na mesma rua, Natália Teixeira Syed, lusodescendente, e o marido Gabriel, paquistanês, também abriram as portas do pátio do prédio onde vivem para acolher as vítimas. Depois de receber a medalha de bronze, Natália teve dificuldade em conter as lágrimas em declarações à Lusa.

"Nem posso explicar como me sinto", disse Natália com a voz entre-cortada pela emoção, admitindo que, como disse Anne Hidalgo, são "mais ou menos" anjos da guarda e heróis, mas que habitualmente estão "mais na sombra" e agora estão "mais na luz".

"Os barulhos, os sons, as pessoas a chegarem a casa feridas " foi o que mais marcou a lusodescendente, católica, casada há 20 anos com um paquistanês muçulmano.
 
 
 
 

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