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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Rádios guineenses pressionadas pelo poder instituido

Rádios guineenses pressionadas por emitirem discurso em que líder militar atacou Governo

O órgão da Assembleia Nacional Popular que zela pela liberdade de imprensa e o direito à informação queixa-se da presença de "alguns indivíduos nas instalações da Radiodifusão Nacional e da Rádio Jovem, com o intuito de condicionar a difusão do registo sonoro", refere em comunicado datado de quarta-feira.

Em causa estava "a intervenção do Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas", feita na segunda-feira durante um encontro dedicado aos serviços de segurança guineenses, no Clube Militar de Bissau.
No discurso, António Indjai acusou o Governo de transição da Guiné-Bissau de corrupção e pediu verbas para as forças de segurança e militares, sob pena de haver instabilidade.

O Conselho Nacional de Comunicação Social diz-se "preocupado com a situação" e refere que tomará "as providências necessárias com vista a denunciar semelhantes práticas que configuram uma violação à liberdade de imprensa".
No mesmo tom, Augusto Mário da Silva, vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, disse hoje à Lusa que "não é tolerável a intimidação de jornalistas no exercício da sua atividade" e que o organismo já tomou diligências sobre o caso junto do Estado-Maior General das Forças Armadas.

Em resposta, de acordo com o vice-presidente da liga, as chefias militares "repudiaram" a visita às rádios, que classificaram como "um ato isolado dos serviços de segurança do Estado" que não terá passado de um "incidente".
O episódio acontece depois de o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, ter condenado os interrogatórios a que autoridades policiais e militares têm sujeitado algumas figuras públicas.
Num dos casos, Justino Sá, comentador da Rádio Bombolom FM, em Bissau, foi interrogado em setembro pelos serviços de contra-inteligência e levado a tribunal militar depois de ter criticado as recentes promoções de oficiais.

O caso transitou para o Ministério Público, mas o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas desistiu de apresentar queixa, disse à Lusa o Procurador-Geral da República, Abdu Mané.
Mesmo que assim não fosse, o magistrado entende que "não haveria crime", uma vez que o comentário de Justino Sá se enquadra no âmbito da "liberdade de expressão".

(in:lusa)

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