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terça-feira, 7 de julho de 2015

Ainda falta cumprir o sonho da independência, diz Pinto da Costa

O Presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, considera ainda faltar muito, 40 anos depois da independência do país, para criar as condições necessárias à satisfação das necessidades básicas da população são-tomense.


"Não soubemos gerir muito bem esse processo de mudança (...) enquanto não fizermos isso, o Homem são-tomense não se pode dizer livre", disse, numa entrevista à agência Lusa.

"A 12 de julho, conseguimos libertar a terra da dominação colonial, mas ainda não tínhamos conseguido libertar-nos. A libertação é um processo".

"Depois de 12 de julho, começámos a viver uma nova era (...) tivemos um processo muito importante (...) criaram-se no partido único duas tendências que se confrontaram de forma democrática", disse sobre a implantação do multipartidarismo em São Tomé e Príncipe.

Essa luta de tendências no Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP) "abriu o país para o sistema democrático", com a conferência nacional em 1991, a primeira realizada em África, de acordo com Pinto da Costa.

"Chegámos a este processo de abertura porque houve uma evolução na sociedade (...) havia necessidade de nos adaptarmos à vontade expressa da população são-tomense, a necessidade de abrirmos o espaço para surgimento de outras forças políticas", disse.

Pinto da Costa referiu a existência de problemas e de "má gestão e falhas no processo de desenvolvimento" e defendeu o diálogo entre diferentes quadrantes políticos e da sociedade "para fazer surgir consensos necessários para o desenvolvimento do país".

"Quarenta anos de independência não é muito (...). O diálogo é importantíssimo", sublinhou. "As maiorias absolutas [nas eleições legislativas] que, no nosso caso, são utilizadas para excluir e não incluir, são maiorias absolutas que criam um clima que, mais cedo ou mais tarde, pode ser altamente prejudicial para o desenvolvimento do país", advertiu.

A estabilidade no país "não depende unicamente do Governo fazer os quatro anos da legislatura no poder", mas de políticas corretas, que respondam às preocupações, em termos de emprego, salário, educação e saúde, considerou.

"Se não forem feitas nesse sentido, a estabilidade não está garantida", destacou o Presidente, que reduziu a relação institucional com o Governo ao encontro quinzenal para tratar de assuntos correntes.

"Este permanente desentendimento entre os são-tomenses resulta do seguinte: há quem queira comer tudo e são poucos e não querem deixar nada ao resto e são muitos", explicou.

Pinto da Costa afirmou caber aos "políticos criar as condições para permitir que os agentes económicos joguem" um papel decisivo no desenvolvimento dos países, sublinhando as "óptimas relações e uma série de acordos existentes com os países vizinhos" como Angola, Nigéria, Guiné Equatorial, Gabão e Camarões.

"Na realidade, há pouca coisa e é preciso casar os interesses económicos dos nossos países", defendeu.

Sobre a corrupção, o Presidente são-tomense pediu uma acção conjunta "de todos os partidos políticos" contra "um autêntico cancro na sociedade e altamente prejudicial para o processo de desenvolvimento do país (...) que tem grandes potencialidades para se desenvolver e para resolver os problemas" da população.

Manuel Pinto da Costa afirmou que, passados 40 anos, as relações com Portugal são boas, destacando a língua portuguesa como factor de união e "uma herança".

"Nós não combatemos Portugal, combatemos o sistema colonial português (...) há uma ligação, não temos que ter complexos nenhuns", declarou.
 
 
 
 
 

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