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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Mundo deve ser "mais duro" com militares

A Comunidade internacional deve ser “cada vez mais dura” com os militares da Guiné-Bissau, afirmou o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português António Monteiro, considerando que as eleições do próximo dia 13 não são suficientes para normalizar o país.



“As eleições não são claramente suficientes para normalizar a situação na Guiné-Bissau, mas são um passo. Já houve eleições antes e vimos o que é que se seguiu”, disse o embaixador, em entrevista à agência Lusa a propósito da IV cimeira UE/África, hoje e amanhã, em Bruxelas.
A Guiné-Bissau realiza eleições legislativas e presidenciais a 13 deste mês, que marcam o fim do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.
“A forma como se deram os golpes, com o que se seguiu aos golpes e o que continua a acontecer prova que os responsáveis actuais da Guiné-Bissau precisam perceber que o mundo está em cima deles e não estarem convencidos que como são pequeninos ninguém lhes presta atenção e que há ali uma oportunidade de se desenvencilharem da violência com impunidade porque ninguém liga”, disse.
António Monteiro referiu que os “militares recalcitrantes” continuam “a cometer abusos” e que, por isso, “a comunidade internacional deve ser cada vez mais dura”.
Neste sentido, defendeu um envolvimento cada vez maior de organizações como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que deve ter a Guiné-Bissau “como o seu caso número um”.
Outra medida que o ex-ministro defendeu é o combate ao narcotráfico: “Sabemos que é daí que vem o dinheiro, que depois serve para comprar e espancar (pessoas) ”, disse, defendendo que “a impunidade tem de acabar”.
A Guiné-Bissau, tal como a República Centro Africana, palco de violentos confrontos entre cristãos e muçulmanos, não foi convidada a participar na cimeira de Bruxelas.
António Monteiro disse que entende as medidas punitivas, mas defendeu que a cimeira deve dar atenção aos países.
“Deve até redobrar a atenção, porque deve dar um sinal aos povos desses países de que não estão fora dos radares e um sinal para os regimes”.

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