COMENTÁRIO À MARGEM DE CERTA
MANEIRA
SOBRE “ RESISTÊNCIA ECONÓMICA”
de A. Cabral
Caros Amigos, sobre a “Resistência
Económica” de Amílcar Cabral, é óbvio que se trata de um
documento pensado e escrito durante a luta de Libertação.
Sabemos que o que então se chamava ‘colonialismo
português’, hoje é algo mais complexo. Não tem rosto, não tem
nacionalidade, actua em várias vertentes sobre um povo ou uma
sociedade, no campo económico, no campo político, no campo
cultural, na juventude (de maneira especial) criando-lhe necessidades
quase inacessíveis, etç.
Promove e ostenta um falso auxilio
aos povos, enquanto vai tomando controle (ou influenciando) as
sociedades criando um sentimento de dependência.
Dito isto, concerteza que se
compreende, que o colonialismo a que A Cabral se refere, nos dias de
hoje, traduz-se no neocolonialismo e no capitalismo internacional, na
sua prática de provocar a dependência de um povo às leis de
mercado, ou mantê-lo submetido à dependência da propriedade dos
meios produção estrangeiros.
Também ainda hoje se colocam (no
meu entender, salvo os devidos contextos) as mesmas exigências aos
jovens com algum grau de formação académica ou profissional, aos
quadros residentes, ou no exterior , e aos trabalhadores e camponeses
com consciência de classe e/ou política.
A Guiné-Bissau, não é
só Bissau.
Permitam-me que recorde aqui, a
ilha de Cuba. Bloqueada economicamente há dezenas de anos, e tem a
melhor medicina no mundo em algumas áreas, mantém maquinaria
antiquíssima a trabalhar, não tem analfabetismo, não tem
subnutrição, não tem mortalidade infantil, tem um absoluto
controle sobre doenças tropicais, etç e ainda faculta ou facultou
auxilio e quadros às lutas de libertação e actualmente auxilia com seus quadros especializados em situações de calamidades.
Finalmente, penso contribuir de
forma singela (muito) para a divulgação dos princípios e
ensinamentos de Amilcar Cabral, a quem por qualquer razão, não
tivesse tido oportunidade de conhecer.
Cumprimentos, Carlos Filipe
RESISTÊNCIA ECONÓMICA – Amílcar Cabral
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(I)
“Falamos ontem sobre a resistência política e vimos que, além da resistência política, há a resistência económica, a resistência cultural e a resistência armada. Qualquer destas resistências existe na nossa terra, desde que começamos a nossa luta, cada dia mais desenvolvida; mesmo que muitos camaradas não tenham consciência disso.
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(I)
“Falamos ontem sobre a resistência política e vimos que, além da resistência política, há a resistência económica, a resistência cultural e a resistência armada. Qualquer destas resistências existe na nossa terra, desde que começamos a nossa luta, cada dia mais desenvolvida; mesmo que muitos camaradas não tenham consciência disso.
... Como os camaradas sabem, a nossa luta é uma luta política, porque nós procuramos conquistar os nossos direitos de povo que deve ser livre, soberano, quer dizer que manda em si mesmo, conquistar a independência nacional da nossa terra. Mas no fundo dessa verdade há outra verdade que é o seguinte: o colonialismo é primeiro uma dominação económica. Colonialismo ou dominação imperialista é buscar em primeiro lugar, dominar outros povos economicamente. Para isso ele acrescenta uma dominação política, ele prolonga as forças do Estado imperialista ou colonial para a terra que quer dominar economicamente. Por isso mesmo devemos dizer que o primeiro objectivo, no fundo, da nossa resistência e da nossa luta é libertar a nossa terra economicamente, embora antes tenhamos que passar pela libertação política.
Quer dizer: uma terra só é libertada de verdade se se conseguir tirar toda a dominação estrangeira sobre a economia do país, se conseguirmos de facto libertar a economia do país de toda a exploração estrangeira. Esta é que é a liberdade duma terra que era dominada por colonialistas. Isso quer dizer que cada terra tem as suas riquezas naturais e a sua população, que é a maior riqueza de uma terra. A população na medida em que se desenvolve a sua capacidade de trabalho, de produção, das suas riquezas naturais já reais ou em potência, e os meios para produzir. Tudo isso na época dos colonialistas ou da dominação imperialista, está submetido à dominação imperialista, não está livre, não se desenvolve livremente. Conquistar a independência de facto é poder desenvolver livremente aquele conjunto de coisas chamadas forças produtivas duma terra. Portanto vocês vêem que, no fundo, a nossa resistência é para resolver um problema económico, embora tenha que passar pelo político, e o político é sempre muito importante. Esta é a grande importância da nossa resistência económica.”
Quer dizer: uma terra só é libertada de verdade se se conseguir tirar toda a dominação estrangeira sobre a economia do país, se conseguirmos de facto libertar a economia do país de toda a exploração estrangeira. Esta é que é a liberdade duma terra que era dominada por colonialistas. Isso quer dizer que cada terra tem as suas riquezas naturais e a sua população, que é a maior riqueza de uma terra. A população na medida em que se desenvolve a sua capacidade de trabalho, de produção, das suas riquezas naturais já reais ou em potência, e os meios para produzir. Tudo isso na época dos colonialistas ou da dominação imperialista, está submetido à dominação imperialista, não está livre, não se desenvolve livremente. Conquistar a independência de facto é poder desenvolver livremente aquele conjunto de coisas chamadas forças produtivas duma terra. Portanto vocês vêem que, no fundo, a nossa resistência é para resolver um problema económico, embora tenha que passar pelo político, e o político é sempre muito importante. Esta é a grande importância da nossa resistência económica.”
(Continua)
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