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Joseph Pulitzer

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Julgámos mais ministros em 13 anos que Portugal em 900

"Estranho países com tantos anos não conseguirem fazer o que Timor faz em 13 anos. Nem a Austrália, nem a América, nem Portugal, nem aqui a vizinha Indonésia", afirmou Taur Matan Ruak, Presidente da República timorense.


"Nós em 13 anos processámos mais ministros do que Portugal em 900 anos. Não sei porquê. Mas é um bom sinal. Não vejo nenhum país que fizesse tanto como Timor-Leste em relação à justiça, levando tantos ministros ao tribunal. Isto até dá para eu pensar, por ser estranho", disse.

Questionado sobre se considera que a justiça pode ser vista como "justiceira", o chefe de Estado é enfático: "nem me quero meter nisto", recusando também comentar as decisões já tomadas pelos tribunais.

"Confio. Estão a aprender. Estão também a aprender, como eu estou a aprender. Eu não sou juiz. Nem sou formado em direito. Deixo que os outros falem em vez de mim", afirmou.

"Quem sou eu para falar de uma coisa que não percebo, que não conheço. Não estou habilitado para isso", considerou.

Conciliatório, evitando polémicas, parco nas críticas e cuidadoso nos comentários, neste como noutros temas Taur Matan Ruak contextualiza quase todas as questões no facto de Timor-Leste apenas ter 13 anos de vida.

E sobre um dos temas mais polémicos, a corrupção, também desdramatiza, voltando a comparar Timor-Leste com outros países.

"Existe em todo o lado. Quem disse que não? Há alguns que escondem melhor e outros que não sabem esconder. E os que não sabem esconder são apanhados. Mas isso existe em todo mundo", disse.

É Xanana Gusmão corrupto? "Não faço justiça antes de ser levado a tribunal. Quem faz justiça são os tribunais não sou eu. Fazer justiça por conta própria não é aconselhável, nem tem margem nos princípios que defendo", afirmou.

A várias das perguntas - é preciso credibilizar mais as instituições do país, por exemplo - Taur Matan Ruak volta às comparações, mostrando-se convicto de que Timor-Leste está "no bom caminho".

"Estamos a falar de um país com 13 anos, Portugal tem 900 anos. E comparando com outros países do mundo com mais anos de independência, Timor está a sair-se muito bem e isso está a credibilizar Timor no plano internacional", considerou.

"Temos factores que contribuem para isso, temos. Um deles a liderança, boa estratégia. Fizemos o máximo possível para levar o nosso país a um bom caminho. Acho que isso já é suficiente para dizer que estamos no bom caminho", sublinhou.

Sobre o seu relacionamento pessoal com Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak diz que evoluiu e que de um passado comum de luta hoje continuam a colaborar a bem do desenvolvimento de Timor-Leste.

"Xanana Gusmão foi meu mestre. E companheiro de luta. É uma relação consolidada ao longo dos tempos, ao longo dos anos de guerra. Mas ele tem os seus pensamentos e eu os meus. O que nos une é o nosso país, o futuro do nosso país", salientou.

"Ele tem um estilo diferente do meu", disse, escusando-se a elaborar. "O dele é diferente e todos podem ver. Cada um tem as suas maneiras, ninguém é igual a outro. Ele é que decide como se deve fazer quando está na liderança. Quem sou eu para estar a dar lições", afirmou.

Sobre algum afastamento entre os dois, nos últimos anos, Taur Matan Ruak diz que "as circunstâncias são diferentes" que se vive em democracia onde "cada um tem as suas opiniões e pode manifestar aquilo que realmente pensa".

"Não tem a ver com o passado", concluiu.
 
 
 
 

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