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sábado, 21 de novembro de 2015

Brasil: Estudante guineense protesta contra o racismo frente ao Palácio Piratini

Parado em frente ao Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul, desde as 8h10 da manhã desta sexta-feira (20), o estudante de Direito de Guiné Bissau Francisco Ialá, 35 anos, faz um protesto solitário contra a falta resposta para episódios de racismo denunciados por alunos africanos na Casa do Estudante Universitário Aparício Cora de Almeida (Ceuaca), localizada em Porto Alegre.


Carregando uma placa com os dizeres: “Só pode ser um destes macacos africanos para criticar o trabalho da directoria”, ele pedia uma audiência com o governador José Ivo Sartori.

“Vou ficar aqui até as portas do palácio fecharem”, disse o estudante que realiza o ato na data em que se celebra o Dia da Consciência Negra.

A declaração racista a qual Francisco se refere teria sido escrita no mural da casa, em 2013, quando ele e outros estudantes de origem africana viviam no local. Durante este período, segundo ele, os universitários eram acusados de não pagarem os valores referentes à hospedagem.

“Tenho todos os comprovantes dos depósitos, mas eles colocavam no mural o nome das pessoas dizendo que eram os maiores devedores da casa”, conta. Ele ingressou com uma acção na Justiça, mas se disse insatisfeito com a sentença. “A punição foi colocar a sentença no mural da casa por cinco dias”, reclama.

Ele disse ainda que além do constrangimento e racismo sofridos pelos africanos, a direcção da casa, na época, fazia a mesma coisa com estudantes oriundos do Nordeste e do Norte do país.

Francisco, que estuda Direito na Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, diz que resolveu protestar nesta sexta-feira depois de recorrer à polícia, ao Ministério Público Federal, à Secretaria de Direitos Humanos e à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, sem que alguma medida fosse tomada em relação contra as denúncias feitas pelos estudantes.

“Meus colegas não querem mais protestar porque eles não acreditam que a discriminação vai ter punição (...) Tanto os senegaleses quanto os haitianos estão sofrendo”, disse, para finalizar com uma frase do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura em 1975. "Quando perdemos a nossa capacidade de indignarmos ante a atrocidade sofrida pelos outros, perdemos o direito de sermos considerados seres humanos civilizados’. Estou aqui para ajudar outras pessoas”, finalizou.

No final do dia, Francisco foi recebido pelo governador José Ivo Sartori e apresentou suas reivindicações para os estrangeiros que vivem no Rio Grande do Sul.
 

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