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Joseph Pulitzer

sábado, 21 de novembro de 2015

Acaba por passar sempre por Marrocos. Estranha coincidência, reconheçamos!

O fio das investigações do massacre de 11 de Março (11-M) de 2004, em Madrid, e da recente chacina de 13 de Novembro (13-N), em Paris, acaba por passar sempre por… Marrocos.

Estranha coincidência, reconheçamos!


A ligação não tem a ver apenas com o facto da esmagadora maioria dos autores de tão terríveis acções serem de naturalidade ou ascendência marroquina. Não, a importância da conexão prende-se, sobretudo, com o maior problema com que o regime marroquino se debate há décadas, tanto a nível nacional como internacional, o qual, em última instância, poderá mesmo vir a pôr em causa a própria monarquia. Falamos do Sahara Ocidental.

Especulação, dirão? Talvez não. Essa, pelo menos, é a opinião de alguns jornalistas e analistas que dedicam muito do seu tempo ao tema do terrorismo magrebino e, seguramente, de estudiosos e operacionais de diferentes serviços secretos.

11-M: o ódio a Aznar e o período eleitoral de 2004

O 11-M ocorre em pleno clima eleitoral em Espanha e era conhecido o ódio que o regime de Rabat votava a Aznar, principalmente depois do vexame passado na confrontação entre os dois países pelo controlo da ilha de Perejil (2002). Rabat temia também a eventual evolução do posicionamento político do Estado espanhol em relação ao conflito do Sahara Ocidental na cena internacional.

No caso da ligação com os acontecimentos trágicos ocorridos este mês em Paris, o equacionamento de eventual cumplicidade com os autores dos atentados pode parecer ainda mais especulativa… Vejamos.

Afinal, não tem sido a França a potência que sempre apoiou o regime marroquino — desde a preparação e a consumação da ocupação da antiga colónia espanhola até à actualidade — em todos os fóruns internacionais e, em particular, na ONU, impedindo a realização do Referendo de Autodeterminação para o qual foi criada a missão das Nações (MINURSO) em 1991? Não pode ser mais verdade… É facto. Mas também não deixa de ser verdade que, com a chegada de François Hollande ao Eliseu, as coisas são bem diferentes nas relações entre os dois países, se comparadas com os tempos despreocupados e “festivos” de Chirac e Sarkozy. E os últimos anos têm sido annus horribilis nas relações entre Paris e regime do Makhzen, de que a enxurrada de documentos secretos de Marrocos divulgados pelo “misterioso” Chris Coleman (que alguns afirmam ser uma marioneta dos próprios serviços secretos franceses) foi o ponto, talvez mais alto.

Na sequência dos atentados de Paris, a imprensa francesa dava conta do afã das sua congénere marroquina em noticiar a pronta intervenção de Sua Majesta e das Secretas marroquinas, numa eficiência passível mesmo de suplantar o Mossad israelita…A “inteligência” marroquina deu mostras de um conhecimento surpreendente sobre as movimentações do alegado «cérebro» da operação…

France 24 : Dès mercredi matin, le site marocain Le360.ma, l’affirmait : "Ce sont les services de renseignements marocains qui ont réussi à localiser les terroristes retranchés dans un appartement de Saint-Denis, apprend Le360 de source sûre. " Le site précisait : "Au lendemain des attentats qui avaient ensanglanté la capitale française, et sur demande des autorités françaises et belges, des officiers des renseignements marocains s’étaient rendus à Paris et Bruxelles pour aider dans les investigations en cours. Et déjà cette collaboration donne ses fruits avec l’opération menée ce (mercredi) matin."

Hollande logo se apressou a receber Sua Majestade Mohamed VI, agradecendo a sua prontíssima intervenção, quando anteriormente, algumas vezes, muitos meses o fez esperar pela tão desejada audiência no Palácio do Eliseu.

Le président de la République a reçu aujourd’hui Sa Majesté Mohammed VI, Roi du Maroc.
Le président de la République a remercié le Roi pour l’assistance efficace apportée par le Maroc à la suite des attentats de vendredi dernier. Les deux chefs d’Etat ont marqué la détermination partagée de la France et du Maroc à mener ensemble le combat contre le terrorisme et la radicalisation et à œuvrer à la résolution des crises régionales et internationales.
Eliseu - 20 de Novembro 2015

Marrocos teme que a França afrouxe o seu apoio internacional à ocupação do Sahara Ocidental, num momento que a questão parece não poder se arrastar mais no status quo em que caiu. Seja por pressões na ONU e no Conselho de Segurança, seja por que os saharauis não parecem dispostos a esperar e a contemporizar muito mais com o impasse.
O futuro trará novos desenvolvimentos e, seguramente, novas informações.
 
 (Autor: ABS)
 
 
 
 

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