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Joseph Pulitzer

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

“A tecnologia portuguesa é muito bem-vinda a Cuba”

Apesar do restabelecimentos das relações diplomáticos com o EUA, o bloqueio económico a Cuba, decretado há 55 anos, ainda continua.

Há cada vez mais empresas portuguesas interessadas em investir em Cuba , diz embaixadora de Cuba em Portugal, Johana Tablada de La Torre. E Cuba está interessada na tecnologia que Portugal desenvolveu no sector das energias renováveis, indústria de moldes ou agro- indústria, sectores que Cuba quer desenvolver. As relações entre os EUA e Cuba atravessam um momento histórico com o restabelecimento das relações diplomáticas. Mas o embargo económico ainda continua, o que levanta inúmeras dificuldades no dia a dia dos cubanos, afirmou a embaixadora de Cuba em Portuga em entrevista ao programa Capital Humano do ETV.


Apesar do restabelecer de relações diplomáticas com os Estados Unidos, o embargo económico afinal continua?

Há uma grande confusão. Para muitas pessoas é difícil de perceber que o restabelecimento das relações diplomáticas – que é um grande passo positivo – não tenha sido acompanhado do levantamento das sanções contra Cuba. Há algumas medidas positivas, mas com um alcance muito limitado. O Congresso dos EUA o único organismo que pode pôr fim ao bloqueio. Mas a legislação que enquadra o bloqueio permite uma grande margem de manobra ao presidente norte-americano. Por exemplo, o chefe de Estado pode determinar que a partir de agora, Cuba já pode ter acesso a verbas do Banco Mundial ou ao Banco Internacional de Desenvolvimento, o que seria muito importante.

O que é significa viver num país com embargo económico?

Significa não poder desenvolver a sua máxima capacidade e que para Cuba isso teve implicações importantíssimas, em todas as áreas. Os EUA não são uma economia menor e estão a 150 Km da nossa fronteira e não temos acesso aos produtos deles, nem lhes podemos vender produtos. Além disso, tem um prejuízo importante para países terceiros. Porque, desde o início, o embargo tem uma componente muito forte extraterritorial. Mais de 80% da população de Cuba não sobe o que é viver sem bloqueio porque ele já dura há 55 anos. O que significa que a maioria da população de Cuba teve de experimentar uma vida artificial, viver num país que tem o sistema de sanções unilaterais mais vasto e prolongado no tempo de todo o mundo.

Como é que, no meio do bloqueio, conseguem ter um sistema de saúde com uma grande reputação internacional?

Mesmo com o bloqueio , que triplica o custo das operações e dos produtos que compramos, Cuba consegue construir um sistema de saúde universal e gratuito para toda a sua população. Mas também com o o acesso ao ensino gratuito. Cuba tem mais de vinte faculdades de medicina gratuitas. Para além disso, a medicina cubana tem tanto prestigio que começa a ser, também, uma fonte de exportação de serviços médicos e é o primeiro sector exportador do nosso país.

Como é que estão as relações Cuba-Portugal?

São muito boas. São 95 anos de relacionamento interrompido e nos últimos anos, o nosso país está a fazer importantes transformações na economia para conseguir investimento estrangeiro, aumentar o nível de produtividade.

E há investimento português em Cuba?

Há. Temos uma das maiores cadeias de hotéis, o Pestana. Há mais duas ou três cadeias de hotéis em negociações para investirem no país. Temos uma nova lei de investimento, uma nova zona para o desenvolvimento de um porto de águas profundas e um terminal de contentores. Temos um barco que passa por aqui de dez em dez dias e que segue para Cuba. O comércio entre os dois países está a crescer e há muita complementaridade nos sectores que para nós são prioritários e em que Portugal tem um nível de desenvolvimento interessante: as energias renováveis, a agro-indústria, tudo o que é área de moldes, em que Portugal e campeão.

Há várias empresas de moldes que têm visitado Cuba e queremos apostar nos têxteis, no calçado, áreas em que Portugal tem uma experiência enorme, com uma aposta forte na inovação, nas novas tecnologias, que também são muito bem-vindas em Cuba.

Muitas empresas portuguesas estão interessadas no país?

E temos agora um movimento muito intenso de empresas portuguesas. Em breve realiza-se a Feira Internacional de Havana, e a delegação das empresas portuguesas, é maior que no ano passado. No ano passado tivemos a visita do vice-primeiro-ministro de Portugal, Paulo Portas. Este ano ainda não posso anunciar, mas estamos à espera de uma visita da AICEP para acompanhar as empresas portuguesas que lá estão e as que querem instalar-se no país. Cuba está a comprar mais produtos portugueses, no comércio este ano já atingimos os números que foram atingidos só no final do ano passado. E no turismo é igual. Este ano, até agora, já mais de 15 mil portugueses viajaram para Cuba, o que é muito superior ao número que tivemos no ano anterior. Temos uma câmara de comércio internacional Portugal- Cuba, que é nova, com novos membros.





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